A degeneração macular relacionada à idade (DMRI) é a principal causa de perda visual irreversível após os 50 anos nos países industrializados. Embora se saiba que a doença começa na barreira hemato-retiniana externa, não se sabe como ocorre a progressão para estágios secos e úmidos. A doença, que termina por causar perda dos fotorreceptores da retina, ainda tem parte de sua patogênese obscura devido à falta de modelos humanos adequados de DMRI.
A novidade é que pesquisadores do National Eye Institute (NIH) anunciaram sucesso na bioimpressão de tecido ocular similar à barreira hematorretiniana. A publicação em Nature Methods conta que o grupo utilizou células-tronco e um andaime 3D bioimpresso de hidrogel biodegradável.
A barreira hematorretiniana externa é o tecido que suporta as células fotorreceptoras e é composta pelo epitélio pigmentar da retina (EPR) separado pela membrana de Bruch dos coriocapilares ricos em vasos sanguíneos. Na DMRI, as drusas vistas na forma seca da doença se iniciam na membrana de Bruch, alterando sua função de troca e, com o tempo, levando à sua degradação e perda de sustentação dos fotorreceptores.
No estudo, o hidrogel biodegradável recebeu a adição de três tipos celulares. Inicialmente, foram adicionados pericitos e células endoteliais, que se desenvolveram no hidrogel em rica rede vascular após alguns dias. Após o nono dia de maturação, células epiteliais EPR foram semeadas do lado oposto do andaime de hidrogel, replicando a estrutura vista no tecido ocular original. A maturidade completa do tecido ocular bioimpresso foi alcançada no dia 42.
Análises teciduais, genéticas e funcionais comprovaram que o novo tecido se parece e funciona de forma similar à barreira hematorretiniana externa original. Sob estímulos estressores e de hipóxia, os pesquisadores conseguiram induzir no tecido bioimpresso transformações patogênicas como as que são vistas na DMRI seca e úmida, respectivamente. Por outro lado, medicamentos anti-VEGF, usados no tratamento da DMRI, suprimiram essas mudanças e restabeleceram a estrutura do tecido.
Segundo os autores, os dados mostram que o esforço resultou em um modelo DMRI relevante e que facilitará a pesquisa do tema a partir de agora, o grupo trabalha na inclusão de novas células no modelo, como as células imunes, para se aproximarem cada vez mais do funcionamento do tecido nativo.
Quer saber mais?