Aumentar as células beta do pâncreas pode ser um caminho para tratar diabetes tipo 2

Por Docmedia

4 dezembro 2023

O diabetes do tipo 2 responde pela imensa maioria dos casos da doença no mundo, acometendo cerca de 500 milhões de pessoas e aumentando seu risco cardiovascular. A doença cursa com perda da sensibilidade à insulina por parte dos tecidos periféricos, também ocorrendo uma significativa perda de células beta em termos de número e função.

Em função disso, torna-se lógico que uma estratégia para tratar a doença passe por aumentar a quantidade de células beta e melhorar sua função. O problema é que há uma crença de longa data que a proliferação celular leva à desdiferenciação e prejuízo funcional.

A novidade é que um estudo de pesquisadores da Weill Cornell Medicine identificou uma nova estratégia capaz de promover este processo de forma mais favorável. A publicação no Journal Of Clinical Investigation conta que os pesquisadores se utilizaram de um modelo murino em que os animais não possuem uma proteína chamada IRS2, que permite que a insulina transmita seu sinal para as células absorverem o açúcar no sangue.

Como consequência, esses animais desenvolvem resistência insulínica à semelhança do diabetes tipo 2 humano. Outra observação da equipe é que IRS2 também tem função no controle do número de células beta. Nesse grupo de animais diabéticos, os pesquisadores tentaram direcionar um aumento no número de células beta.

A equipe observou que nos camundongos diabéticos com deficiência de IRS, as células beta não conseguiam elevar a produção de outra proteína, a ciclina D2. Esta proteína, quando associada a uma proteína chamada CDK4, impulsiona a divisão celular.

Observações anteriores da equipe mostraram que ratos sem CDK4 também desenvolvem diabetes. Por esses motivos, os pesquisadores decidiram aumentar a atividade de CDK4 visando aumentar a divisão das células beta.

Ao introduzirem geneticamente nos animais uma forma ativa de CDK4 mais ávida por se ligar à ciclina D2, a primeira coisa que notaram foi que a glicemia dos animais foi restaurada aos níveis normais. Além disso, foi verificado que havia mais células beta nos animais tratados que nos camundongos mutantes IRS2 não tratados.

Por fim, os pesquisadores notaram uma importante diferença entre as novas células beta dos animais tratados e do grupo controle, sendo essas células de aparência mais saudável e mais cheias de grânulos de insulina, indicando que a função foi aprimorada.

Segundo os autores, os resultados são animadores, ainda que o aumento da atividade de CDK4 não seja viável por aumento do risco de câncer. Ao menos, ficou demonstrado que pode haver expansão de células beta sem perda de função, um objetivo que agora deve ser perseguido.

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Fonte: https://www.jci.org/articles/view/166490

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