Anticoagulação precoce após AVC mostra benefício em grande estudo internacional

Por Docmedia

15 agosto 2023

Aproximadamente 80% de todos os acidentes vasculares cerebrais (AVC) são do tipo isquêmico, causados por um bloqueio de uma artéria no cérebro. Desses, até 20% são causados por coágulos sanguíneos que se formam no coração de pessoas com fibrilação atrial, afetando até cinco por cento das pessoas com mais de 65 anos.

Os anticoagulantes orais diretos (DOACs) são utilizados para prevenir a formação de coágulos sanguíneos em pessoas com fibrilação atrial. Contudo, ainda não está claro quando esse tratamento deve ser iniciado após um acidente vascular cerebral. Pode haver um risco aumentado de sangramento, especialmente nos primeiros dias após o derrame. Por outro lado, os benefícios potenciais dessas drogas também podem ser maiores nos estágios iniciais.

Essa possibilidade é corroborada por um novo estudo clínico internacional liderado pelo Inselspital, Universitätsspital Bern e pela Universidade de Berna. A publicação no New England Journal of Medicine conta que o estudo ELAN (Early versus Late iniciação de anticoagulantes orais diretos em pacientes com AVC pós-isquêmico com fibrilação atrial) mostra que iniciar o tratamento com anticoagulantes mais cedo provavelmente reduz a chance de outro AVC, sem aumentar o risco de complicações.

Tal conclusão é resultado dos dados de 103 unidades de AVC em 15 países da Europa, Oriente Médio e Ásia, que recrutaram pessoas com AVC isquêmico agudo e fibrilação atrial entre 2017 e 2022. Os 2.013 participantes foram aleatoriamente designados para iniciar anticoagulação mais cedo ou mais tarde, dependendo do tamanho e da localização do AVC (leve, moderado ou grave), conforme recomendado pelas diretrizes.

O tratamento precoce foi definido como dentro de 48 horas após um AVC leve/moderado ou entre seis a sete dias após um AVC grave. Já o tratamento tardio foi definido como entre o terceiro e o quarto dia após um AVC leve, entre o sexto e o sétimo dia após um AVC moderado ou entre o 12º e o 14º dia após um AVC grave. O objetivo principal do estudo era comparar a taxa de eventos como AVC recorrente, embolia sistêmica, sangramento extracraniano importante, hemorragia intracraniana sintomática ou morte vascular entre os dois grupos.

Os resultados mostram que, após 30 dias, 2,9% dos participantes (n=29) no grupo de tratamento precoce e 4,1% dos participantes (n=41) no grupo de tratamento tardio tiveram um dos eventos mencionados acima. Após 90 dias, a diferença na taxa de eventos entre os dois grupos foi de -1,9%. Um novo AVC ocorreu em 1,4% dos participantes tratados precocemente (n=14) e em 2,5% dos participantes tratados tardiamente (n=25). Hemorragias cerebrais sintomáticas ocorreram em 0,2% dos participantes em ambos os grupos (n=2).

No momento, os autores buscam estratificar os efeitos da estratégia dentro dos diferentes grupos de pacientes (gravidade) do estudo ELAN.

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Fonte: https://www.nejm.org/doi/10.1056/NEJMoa2303048

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