Estudo sugere o reaproveitamento de antidiarreico no tratamento do autismo

Por Docmedia

24 maio 2023

O transtorno do espectro autista (TEA) é um distúrbio do neurodesenvolvimento que cursa com importantes prejuízos na cognição e interação social. A natureza complexa do distúrbio faz com que não existam alternativas disponíveis que sejam eficazes para o tratamento. Além disso, a prescrição de drogas antipsicóticas, muito em voga, possui eficácia incerta e diversos efeitos colaterais. A partir deste panorama, pesquisadores da Universidade de Oslo, na Noruega, decidiram investigar a viabilidade de reaproveitar drogas já existentes para tratar o TEA.

A publicação em Frontiers of Pharmacology lembra que o reaproveitamento de medicamentos é uma iniciativa inteligente por ampliar o espectro de utilização de medicamentos já testados e aprovados como seguros para uso em humanos, implicando em importante aceleração de todo o processo de inserção clínica de um fármaco.

No estudo, a equipe utilizou um modelo computacional para investigar os efeitos de diversos fármacos sobre um complexo de proteínas já relacionado por estudos à fisiopatologia do TEA. Curiosamente, o experimento revelou vários fármacos com atividade sobre esse conjunto de proteínas, mas o antidiarreico loperamida (Imosec) se revelou especialmente promissora.

Segundo os autores, uma possível ação da loperamida no TEA teria fundamento a partir de sua conhecida ação sobre os receptores opioides. Juntamente com os efeitos normalmente esperados de uma droga opioide, incluindo o efeito analgésico, um subtipo dos receptores opioides, o receptor u-opioide, também afeta o comportamento social. Além disso, estudos anteriores em modelos animais mostraram que camundongos sem o receptor u-opioide tendem a desenvolver déficits de interação social similares aos vistos em portadores de TEA.

Esses estudos também mostraram que estratégias que promovem a atividade do receptor u-opioide revertem essas alterações e restabelecem os comportamentos sociais que haviam sido perdidos. Embora haja a necessidade de mais estudos até a confirmação desta possibilidade, tais resultados sugerem um tentador reaproveitamento da loperamida como uma estratégia inteiramente nova de tratamento do autismo.

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Fonte: https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fphar.2022.995439/full

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