De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), oito em cada dez pessoas já tiveram, têm ou podem desenvolver uma hérnia de disco. O problema afeta o disco cartilaginoso intervertebral que perde sua estrutura, deixa de amortecer adequadamente a coluna e passa a provocar dor e sintomas de compressão.
Em verdade, a hérnia de disco é uma das principais causa de incapacidade em todo o mundo e o tratamento disponível, a microdiscectomia, embora alivie a dor, não consegue estabilizar a estrutura do disco e nem direciona a regeneração, de forma que a condição tende à progressão.
A novidade é que pesquisadores da Escola de Medicina Perelman da Universidade da Pensilvânia e do Centro Médico CMC VA anunciaram terem desenvolvido um adesivo inteligente capaz de aprimorar esses objetivos de tratamento. A publicação do grupo na revista Science Translational Medicine conta que o trabalho foi a junção de diferentes avanços alcançados em outros estudos.
Inicialmente, os pesquisadores definiram como objetivos do seu desenvolvimento a construção de uma estratégia que fosse capaz de recuperar a estrutura e função do disco intervertebral, que direcionasse o tecido para a regeneração, que impedisse a degeneração progressiva e que aliviasse os sintomas álgicos tão comuns na condição.
Ao final do desenvolvimento, o resultado foi um adesivo contendo nanofibras em sua composição, além de cápsulas contendo o agente anti-inflamatório anakinra. Digo de nota, a estrutura de nanofibras é ativada por tensão, de forma que o próprio movimento natural do corpo orienta o dispositivo para que libere de forma gradual seu estoque de microcápsulas de anakinra.
Testado em um modelo animal de grande porte (cabras) com hérnia interdiscal, o novo adesivo foi implantado cirurgicamente circundando totalmente os discos intervertebrais lesionados e os animais foram acompanhados. Os adesivos integraram-se ao tecido nativo e forneceram reforço estrutural no local da lesão que impediu a remodelação aberrante de todo o disco resultante da contenção em anel.
A entrega de anakinra pela implantação do adesivo aumentou a deposição e retenção de matriz no local da lesão e melhorou a manutenção da matriz extracelular do disco. A administração de anakinra atenuou adicionalmente a resposta inflamatória associada à implantação do TARP, diminuindo a osteólise nas vértebras adjacentes e preservando a celularidade do disco e a organização da matriz em todo o anel fibroso.
Oficialmente o adesivo foi denominado adesivo de reparo ativado por tensão (TARP) e os autores afirmam que os resultados são no sentido de haver bom potencial terapêutico contra a hérnia de disco.
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Fonte: https://www.science.org/doi/10.1126/scitranslmed.adf1690
