Abordagem sem enxerto ou biomateriais para regeneração óssea

Por Docmedia

12 maio 2023

Grandes traumatismos, tumores ósseos tratados cirurgicamente, defeitos congênitos e até infecções são situações clínicas que podem originar um defeito ósseo que o corpo é incapaz de corrigir naturalmente. Nesses casos, a prática clínica atual tem como opções a utilização de enxertos ou biomateriais, métodos que nem sempre são suficientemente efetivos ou isentos de efeitos adversos.

A novidade é que pesquisadores da Universidade de Pittsburgh anunciaram os primeiros desenvolvimentos de uma abordagem inovadora utilizando a própria capacidade de regeneração do osso nativo. Publicado recentemente em Proceedings of National Academy of Sciences, o artigo do grupo conta que sua inspiração foi a capacidade mostrada por bebês humanos e filhotes de camundongo em completar o fechamento das suturas cranianas ou regenerar lesões nessa área.

A equipe se perguntou se seria possível expandir essa capacidade para outras situações. Basicamente, o nascimento de humanos e camundongos se dá com as suturas do crânio entreabertas e o fechamento progressivo dessas estruturas é obra da ação de células-tronco progenitoras ósseas ali alojadas. Se tais células puderem ser mobilizadas em outras situações, em tese podem ser utilizadas para regeneração óssea em situações clínicas. Para explorar essa possibilidade, outra inspiração veio ao grupo.

A craniossinostose é uma anomalia congênita em que ocorre fechamento precoce de uma ou mais suturas cranianas. As combinações de fechamento prematuro anormal resultam em diferentes apresentações clínicas, algumas delas associadas ao desenvolvimento de hipertensão intracraniana que precisa ser tratada. O tratamento da craniossinostose é feito com um dispositivo de distração óssea para afastar levemente as suturas e permitir que osso adicional se forme.

No estudo de Pittsburgh, a equipe utilizou esses dispositivos de distração óssea para afastar as suturas cranianas de camundongos adultos. Utilizando sequenciamento de RNA de célula única e microscopia de imagem ao vivo, os pesquisadores constataram que a utilização do dispositivo resultou em um aumento de quatro vezes na quantidade de células-tronco progenitoras ósseas nos bordos afastados.

Entretanto, a nova técnica só funcionou quando aplicada em camundongos de 2 meses de idade (adultos jovens), mas não funcionou em animais de 10 meses ou idade superior. Nesses casos, afirma a equipe, a quantidade de células-tronco nas suturas da calvária é muito baixa, portanto, expandir esse nicho não é tão eficaz para aumentar a capacidade de regeneração.

Segundo os autores, identificar alternativas para aumentar esse pool mobilizável de células-tronco em animais mais velhos é um desafio a ser vencido pela equipe para o futuro desenvolvimento de estratégias que possam promover a regeneração óssea na prática clínica sem a utilização de enxertos. O mesmo grupo também pesquisa outras abordagens não mecânicas para a regeneração óssea, como novos medicamentos.

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Fonte: https://www.pnas.org/doi/10.1073/pnas.2120826120

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