Radioterapia pode ser nova alternativa de tratamento na insuficiência cardíaca

Por Docmedia

8 fevereiro 2024

A maior parte das doenças cardiovasculares evoluiu para um quadro de insuficiência cardíaca, tornando a condição a principal causa de morte no mundo. A insuficiência cardíaca acomete cerca de 2 milhões de indivíduos no Brasil e são estimados cerca de 200.000 novos casos por ano.

Uma vez que a maioria dos portadores de insuficiência cardíaca tende a morrer em até cinco anos desde a primeira necessidade de hospitalização, torna-se clara a necessidade de novas alternativas de tratamento. Nesse contexto, é importante o trabalho de pesquisadores da Universidade de Washington (St. Louis) que encontrou um improvável benefício da radioterapia na preservação da função da bomba do coração.

A publicação do grupo na revista Med lembra que a radioterapia é utilizada em altas doses direcionadas para o tratamento de uma arritmia crônica e potencialmente fatal que tende a evoluir para insuficiência cardíaca, a taquicardia ventricular. Neste tipo de tratamento, a radiação direcionada em altas doses é utilizada para eliminar os focos de atividade elétrica irregular no coração e assim controlar a arritmia

Ocorre que apesar do direcionamento da energia durante a radioterapia, o restante do músculo cardíaco como um todo acaba por ser exposto à mesma radiação, porém em dose mais baixa. Vale dizer que essa exposição de todo o músculo cardíaco à radiação provocava nos pesquisadores o temor de que pudesse haver algum prejuízo à função contrátil dos corações tratados.

Curiosamente, exames de ressonância magnética realizados nos corações desses pacientes tratados com radioterapia contra taquicardia ventricular mostraram exatamente o contrário, com uma significativa melhora da função. No estudo atual, a equipe buscou investigar os mecanismos envolvidos nesses efeitos benéficos da radioterapia cardíaca e, para isso, utilizaram diferentes modelos murinos de insuficiência cardíaca.

Os animais sofreram irradiação cardíaca e tiveram a função cardíaca avaliada por ressonância. Em todos os modelos animais, os pesquisadores encontraram um efeito similar ao visto nos pacientes humanos, com uma melhora da função de bombeamento, especificamente da função do ventrículo esquerdo. Além disso, no modelo de insuficiência cardíaca progressiva, o tratamento aumentou a sobrevida dos animais em comparação a pares não tratados.

Passando a avaliar amostras do tecido cardíaco tratado, os pesquisadores encontraram menor acúmulo de tecido cicatricial, menor infiltração de células imunes e menores graus de inflamação miocárdica. Segundo os autores, tudo indica que a radioterapia eliminou os macrófagos cardíacos por serem células de divisão mais rápida, ao contrário dos cardiomiócitos que praticamente não se dividem.

Segundo os autores, o efeito benéfico encontrado provavelmente é mais complexo que a simples redução de células inflamatórias e, por isso, pretendem continuar se aprofundando nessa pesquisa. O próximo passo é tentar verificar se o tecido cardíaco humano tratado com radioterapia para taquicardia ventricular apresenta as mesmas alterações encontradas nos camundongos.

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Fonte: https://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S2666634023003379

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