Normalização do fluxo sanguíneo arterial promove benefícios de redução do risco cardiovascular

Por Docmedia

20 novembro 2023

As placas de ateroma são as principais manifestações da aterosclerose, um distúrbio inflamatório crônico que afeta a parede vascular. Essas placas podem sofrer de instabilidade até o ponto de promover a formação de coágulos com obstrução do fluxo sanguíneo e eventos cardiovasculares maiores como infarto agudo do miocárdio (IAM) e acidente vascular cerebral (AVC). O principal fator de risco para a formação de placas está no aumento dos níveis de colesterol circulante e isso é combatido com medicamentos como as estatinas, destinados a reduzir esses níveis.

A novidade é que pesquisadores da Universidade de Nebraska anunciaram a descoberta de um outro fator com grande influência sobre a fisiologia da placa de ateroma. A publicação do grupo na revista iScience lembra que, embora o colesterol alto afete todas as artérias da mesma forma, as placas ateromatosas geralmente se formam em torno de curvaturas e bifurcações vasculares que tendem a perturbar o fluxo sanguíneo.

As vias arteriais, por outro lado, desfrutam de um fluxo sanguíneo normal que ajuda a proteger contra a formação de placas. Deste modo, os pesquisadores se questionaram se o sangue fluindo na velocidade típica estabilizaria a placa de ateroma existente, diminuindo as chances de ela se tornar instável e desencadear um evento tromboembólico agudo.

Para testar essa hipótese, os pesquisadores se utilizaram de um modelo murino em que o garroteamento das artérias carótidas de camundongos por algumas semanas causou uma perturbação de fluxo e o acúmulo moderado de placas de ateroma nos animais. A partir daí, os animais foram divididos em grupos para receberem diferentes intervenções.

O primeiro grupo permaneceu com o garroteamento arterial, mas passou a receber uma dose diária de estatinas. O segundo grupo não recebeu medicamentos, mas teve retirado o garroteamento das carótidas, restabelecendo o fluxo sanguíneo normal. O terceiro grupo tanto teve as artérias desgarroteadas como passou a receber estatinas. Por fim, alguns animais permaneceram garroteados e sem tratamento, servindo como controles.

Como esperado, a atorvastatina por si só mostrou sinais de estabilização de placas quando comparada com os controles. Mas os ratos que apenas haviam retirado o garroteamento sem receber estatinas apresentaram melhora semelhante.

Em comparação com os seus homólogos que permaneceram garroteados, os ratos observaram uma queda de 72% nos lipídios e macrófagos, ambos marcadores de instabilidade e progressão da placa, além de um salto de 89% no colágeno, um marcador de estabilidade em placas que de outra forma seriam propensas à desestabilização.

Segundo os autores, o fato de a restauração do fluxo promover efeito similar ao da estatina é notável já que o medicamento pode reduzir a incidência de IAM em 10 anos em até 23%. No estudo, a combinação de normalização do fluxo e estatinas não apenas estabilizou as placas, mas também reduziu notavelmente o seu tamanho e por isso é um mecanismo importante a ser estudado.

Quer saber mais?

Fonte: https://www.cell.com/iscience/fulltext/S2589-0042(23)00837-4?_returnURL=https%3A%2F%2Flinkinghub.elsevier.com%2Fretrieve%2Fpii%2FS2589004223008374%3Fshowall%3Dtrue

Total
0
Shares

Deixe uma resposta

Postagens relacionadas
%d blogueiros gostam disto: