Prática de Tai chi pode reduzir sintomas e complicações do Parkinson no longo prazo

Por Docmedia

13 novembro 2023

A doença de Parkinson é o segundo distúrbio neurodegenerativo mais prevalente no mundo e o que mostra maior avanço na incidência na atualidade. A doença é progressiva e debilitante, caracterizada por lentidão de movimentos, tremor de repouso e músculos rígidos e inflexíveis.

A doença de Parkinson não tem cura e os medicamentos disponíveis, embora possam melhorar os sintomas clínicos, não tratam todas as manifestações da doença e também não retardam a progressão.

Nesse contexto, a novidade é que pesquisadores da Shanghai Jiao Tong University School of Medicine descobriram que o tai chi, arte marcial chinesa baseada em sequências de movimentos lentos e controlados, pode conter os sintomas e reduzir complicações da doença de Parkinson por vários anos. A publicação no Journal of Neurology Neurosurgery & Psychiatry  lembra que alguns estudos já relacionaram o tai chi com benefícios de curto prazo no Parkinson, mas ainda não havia dados sobre os efeitos em longo prazo.

Sendo assim, os pesquisadores conduziram um estudo observacional que recrutou 334 portadores da doença e os dividiu em dois grupos similares em termos de gravidade da doença, uso de medicamentos, idade e escolaridade. Enquanto 187 participantes permaneceram realizando apenas o tratamento padrão, outros 147 realizaram aulas de tai chi por uma hora duas vezes na semana.

A gravidade da doença foi avaliada formalmente em todos os participantes no início do período de monitorização, e a progressão da doença, incluindo o aumento da necessidade de medicação, foi posteriormente monitorizada em novembro de 2019, outubro de 2020 e junho de 2021.

A extensão do movimento e outros sintomas, como função do sistema nervoso autônomo, humor, qualidade do sono e cognição, além da prevalência de complicações como discinesia, distonia, declínio na capacidade de resposta ao tratamento medicamentoso ao longo do tempo, comprometimento cognitivo leve, alucinações, síndrome das pernas inquietas também foram rastreadas, utilizando escalas validadas.

O esforço de acompanhamento por até 5 anos mostrou que a progressão da doença foi mais lenta em todos os pontos de monitoramento no grupo de tai chi. O número de participantes que precisaram aumentar a medicação no grupo de controle também foi significativamente maior do que no grupo de tai chi: 83,5% em 2019 e pouco mais de 96% em 2020, em comparação com 71% e 87,5%, respectivamente.

A prática do tai chi também foi associada a declínio cognitivo mais lento e melhora qualidade de sono e de vida. Além disso, a prevalência de complicações foi significativamente menor no grupo de tai chi do que no grupo de comparação: discinesia 1,4% vs. 7,5%; distonia 0% vs. 1,6%; alucinações 0% vs. pouco mais de 2%; comprometimento cognitivo leve 3% vs. 10%; síndrome das pernas inquietas 7% vs. 15,5%.

Segundo os autores, apesar do pequeno tamanho da amostra e de se tratar de um desenho de estudo observacional, seus dados sugerem que a prática do tai chi efetivamente fornece benefícios de longo prazo na doença de Parkinson.

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Fonte: https://jnnp.bmj.com/content/early/2023/09/27/jnnp-2022-330967

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