A epilepsia é um dos distúrbios cerebrais crônicos mais comuns no mundo, com a epilepsia do lobo temporal (ELT) respondendo pela grande maioria dos casos. Felizmente existe um arsenal terapêutico disponível capaz de controlar a condição. Entretanto, cerca de um terço dos pacientes simplesmente não apresenta resposta, tornando necessária a procura de novas opções.
Um progresso neste sentido é um trabalho de pesquisadores da City University of Hong Kong anunciando o desenvolvimento de um candidato a medicamento promissor visando o mecanismo de ação alternativo aos antiepilépticos tradicionais. A publicação em Proceedings of National Academy of Sciences conta que os medicamentos disponíveis visam inibir a hiperexcitação elétrica atuando nas sinapses neuronais.
A pesquisa de Hong Kong investiu em outro mecanismo que evidências sugerem também ser importante para a ELT, mas negligenciado, a neuroinflamação. Esse processo inflamatório tem origem em células gliais como astrócitos e micróglia. Evidências também sugerem um papel fundamental das junções comunicantes baseadas em conexinas e hemicanais da glia na ELT. Um hemicanal é uma via proteica (iônica) que permite a liberação de glutamato pelas células gliais, ao passo que a junção comunicante é o acoplamento de hemicanais de células adjacentes.
Ao final, a liberação de glutamato na matriz extracelular promove inflamação e induz a ELT. O problema é que inibir essas duas estruturas simultaneamente gera efeitos adversos porque as junções comunicantes coordenam funções celulares importantes. No estudo atual, o grupo desenvolveu a pequena molécula D4, que bloqueia seletivamente os hemicanais de conexina, mas não as junções comunicantes.
Administrada por via oral em um modelo murino de ELT por pilocarpina, a D4 reduziu efetivamente a neuroinflamação e alterou a inibição sináptica e prolongou a sobrevida quando administrada antes da indução das convulsões tendo efeito prolongado na supressão da neuroinflamação quando administrada após as convulsões.
Os autores consideram que, em conjunto, seus resultados sugerem o direcionamento dos hemicanais de conexina com D4 como uma estratégia eficaz e promissora contra ELT.
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