Uso de glicocorticoides relacionado ao declínio cognitivo em estudo

Por Docmedia

16 maio 2023

Os glicocorticoides são os anti-inflamatórios mais comumente prescritos para tratar uma variedade de condições, incluindo alergias, asma, artrite e doença inflamatória intestinal. Entretanto, a utilização desse tipo de medicamento muitas vezes mostra um efeito adverso no humor, sono e memória. Em verdade, muitos pacientes prescritos com glicocorticoides relatam declínio cognitivo e comprometimento da memória.

Agora, uma equipe de pesquisadores da Universidade de Bristol passou a afirmar que esse tipo de evento adverso pode ocorrer mesmo após cursos relativamente curtos da medicação. A publicação em PNAS detalha uma série de experimentos em modelo murino em que os camundongos foram submetidos a cursos curtos de glicocorticoides, especificamente metilprednisolona por cinco dias.

Uma dificuldade dos estudos observais em humanos sempre foi a impossibilidade de diferenciar com absoluta certeza a origem da disfunção cognitiva relatada como sendo fruto da terapia com glicocorticoides ou um efeito secundário das patologias que o medicamento busca combater. No estudo, após a administração do corticoide, um grupo de animais saudáveis começou a mostrar queda de desempenho em tarefas cuja execução estava relacionada à memória e ao aprendizado.

Adicionalmente, a análise dos cérebros dos camundongos tratados e de controles para comparação indicou que a região cerebral importante para a memória e o aprendizado, o hipocampo, foi significativamente alterada pelo tratamento. A atividade funcional do hipocampo também foi medida por registros eletrofisiológicos.

Segundo os autores, foi encontrado que o funcionamento desta área foi profundamente prejudicado no modelo murino do estudo tratado com metilprednisolona. Esse resultado específico fornece a primeira evidência de uma relação causal para o déficit de memória com a corticoterapia sendo um mecanismo subjacente em potencial.

Além disso, os autores também ressaltam a importância de registrar o momento da realização dos experimentos. Isto porque esse tipo de estratégia revelou importantes descobertas sobre o processo de plasticidade sináptica, modificações na comunicação interneuronal.

Segundo eles, foi visto que a potencialização sináptica no hipocampo só é vista durante a hora ativa do dia e não durante o sono. Esse fato colaborou para a descoberta de que o tratamento com corticoides em longo prazo pode bloquear sua eficácia em todos os momentos do dia e pode contribuir para o nevoeiro cerebral experimentado por esses pacientes.

Por fim, os autores consideram que suas descobertas podem ajudar na identificação de medicamentos que podem ser adaptados para tratar esse tipo de distúrbio de memória.

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Fonte: https://www.pnas.org/doi/10.1073/pnas.2211996120

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