Por que apenas parte dos sobreviventes de infarto evoluem com insuficiência cardíaca?

Por Docmedia

21 dezembro 2022

O infarto agudo do miocárdio (IAM) por obstrução aguda do fluxo coronário afeta mais de 1 milhão de indivíduos anualmente nos EUA e muitos outros milhões em todo o mundo. O pronto restabelecimento do fluxo sanguíneo por reperfusão reduziu enormemente a mortalidade imediata por IAM, mas parte significativa desses pacientes evolui com insuficiência cardíaca crônica (ICC) que pode levar à morte nos 5 anos seguintes.

A novidade é que um grupo de pesquisadores da Universidade de Indiana não apenas descobriu o mecanismo que determina quais sobreviventes de IAM irão evoluir com ICC, além de potenciais formas de direcionar o problema para melhores resultados clínicos. A publicação em Nature Communications lembra que a ICC pode acometer até 40-50% dos sobreviventes de um IAM e não se revela associada necessariamente ao tamanho da área cardíaca afetada pelo evento isquêmico.

Utilizando mamíferos de grande porte submetidos a IAM provocado e posterior reperfusão, os pesquisadores produziram um modelo adequado à pesquisa do tema. Basicamente, o estudo conseguiu definir dois tipos diferentes de IAM, segundo a ocorrência ou não de hemorragia intramiocárdica.

Foi descoberto que quando ocorre sangramento dentro do músculo cardíaco, em vez de ocorrer a formação do tecido cicatricial padrão, há um remodelamento na direção da formação de degeneração gordurosa. E o tecido adiposo tem menor capacidade de promover o bombeamento cardíaco que o cicatricial, levando à ICC. A partir deste ponto, a utilização de imageamento não invasivo, técnicas histológicas e de biologia molecular revelaram que o ferro contido nas hemácias dentro de miocárdio poderia estar relacionado à degeneração gordurosa.

Quando os pesquisadores excluíram o ferro do processo, conseguiram a formação de menor quantidade de tecido adiposo no local da lesão.

Segundo os autores, seus resultados são tão promissores que um ensaio clínico recém-lançado começa a testar uma terapêutica de quelação do ferro visando direcionar positivamente o remodelamento do tecido cardíaco após lesões de isquemia-reperfusão e conseguir melhores resultados de longo prazo para esse grupo de sobreviventes do IAM.

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Fonte:

https://www.nature.com/articles/s41467-022-33776-x

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