Um candidato potencial à droga de escolha em arritmias cardíacas com risco de morte súbita

Por Docmedia

23 junho 2023

Algumas arritmias cardíacas possuem padrões desfavoráveis que levam ao risco aumentado de morte súbita. Entre essas patologias estão as chamadas síndromes da Onda J (JWS), que consistem na síndrome de Brugada e nas síndromes de repolarização precoce, ocorrem em cerca de uma em cada 2.000 pessoas.

Geralmente, o tratamento de primeira linha para essas condições envolve o uso de um cardioversor desfibrilador implantável (CDI), embora essa via tenha se mostrado problemática especialmente para pacientes jovens e aqueles que sofrem choques frequentes de um CDI.

A novidade é que pesquisadores da Simon Fraser University e do Lankenau Institute for Medical Research anunciaram bons resultados com uma estratégia farmacológica para esses distúrbios da condução cardíaca. Artigo do grupo na PLOS ONE conta que o foco do trabalho foi um fármaco desenvolvido na SFU chamado de ARumenamida-787 (AR-787).

Segundo a equipe, o desenvolvimento do AR-787 é o mais novo avanço de um longo trabalho em cima da fisiologia dos canais iônicos presentes no músculo cardíaco. O AR-787 foi projetado para atuar sobre a proteína chamada canal de sódio cardíaco, envolvida diretamente no desencadeamento da contração cardíaca. Nos primeiros estudos, foi demonstrado que a droga interagiu com os canais de corrente externa transitória no coração, agindo para suprimir a atividade arrítmica associada à JWS.

Após testes bem-sucedidos em modelos celulares, o fármaco também mostrou bons resultados em modelos animais como mamíferos. Além disso, foi descoberto que o AR-787 não apenas aumenta a atividade do canal de sódio, mas também é eficaz na inibição de um canal de potássio cardíaco específico que contribui para o desenvolvimento de arritmias com risco de vida, em modelos experimentais de Brugada e síndromes de repolarização precoce.

Segundo os autores, a produção do AR-787 segue um trabalho de descoberta e desenvolvimento voltado para essas síndromes arrítmicas que se iniciou com a descoberta de ação similar proporcionada pela quinidina e, posteriormente, do derivado vegetal natural acacetina.

Com o AR-787, os pesquisadores esperam uma molécula que se dissolva melhor que a acacetina e que possua menos efeitos colaterais indesejáveis que a quinidina. No momento a equipe aguarda interesse da indústria farmacêutica para o encaminhamento de eventuais ensaios clínicos.

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Fonte: https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0281977

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