Colonoscopia assistida por inteligência artificial melhora triagem na síndrome de Lynch

Por Docmedia

28 março 2023

O câncer colorretal (CCR) é a terceira neoplasia maligna mais comum em homens e a segunda em mulheres na população brasileira quando excluídos os cânceres de pele não melanoma. A doença também é a quarta causa de morte por câncer em homens e a terceira em mulheres no país.

Felizmente, tanto os casos esporádicos de CCR (70%) quanto a doença familiar (20%) costumam se manifestar por meio de lesões, os pólipos adenomatosos, para as quais a colonoscopia é um meio eficiente de triagem diagnóstica.

A novidade é que pesquisadores do Centro Nacional de Doenças Tumorais Hereditárias (NZET) do Hospital Universitário de Bonn descobriram que a inteligência artificial associada à colonoscopia pode melhor o panorama de triagem para os 10% de portadores de CCR de difícil diagnóstico como no caso da síndrome de Lynch. A publicação no United European Gastroenterology Journal lembra que os portadores da doença autossômica dominante dos genes de reparo do DNA síndrome de Lynch possuem maior predisposição a desenvolver câncer de cólon que a população geral, ainda que sejam submetidos à triagem endoscópica.

Basicamente, esse maior risco é atribuído ao fato de a síndrome de Lynch se desenvolver muitas vezes sem a formação de lesões polipoides, mas também por adenomas planos. Esse tipo de lesão, quando pequena, possuem maior risco de não serem diagnosticadas durante a colonoscopia, mesmo quando realizada por profissionais experientes. Por essa razão, a equipe de Bonn decidiu investigar se a utilização do exame em tempo real assistido por inteligência artificial (IA) em portadores de síndrome de Lynch poderia aumentar a taxa de detecção de adenomas do mesmo modo que estudos recentes sugerem ocorrer na população geral.

Após o recrutamento de 96 portadores de síndrome de Lynch para a coorte do estudo, 46 deles foram acompanhados com a colonoscopia padrão e 50 tiveram seguimento com o exame endoscópico assistido por IA entre dezembro de 2021 e dezembro de 2022. Após esse período, foi visto que 36% dos exames colonoscópicos realizados com a assistência da IA resultaram na detecção de adenomas ao passo que apenas 26,1% das colonoscopias tradicionais evidenciaram lesões adenomatosas.

Os autores ressaltam que o principal fator a resultar em diferencial entre os dois métodos foi o melhor desempenho do exame assistido por IA na detecção dos adenomas planos. Ainda segundo a equipe, essas são as primeiras evidências de que a inteligência artificial pode contribuir para otimizar a vigilância epidemiológica em portadores da síndrome de Lynch.

Por fim, com o objetivo de ir mais fundo no tema, o grupo já articula a realização de um estudo multicêntrico maior sob sua liderança.

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Fonte: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/ueg2.12354

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