Juntamente com a imunoterapia, conjunto de estratégias que visa aumentar a capacidade do sistema imune de atacar o câncer, a pesquisa de vulnerabilidades específicas na biologia do tumor promete ser outra importante fonte de novos tratamentos. Exemplo disso é um estudo recente de pesquisadores da Weill Cornell Medicine que identificou uma promissora e inesperada estratégia para suprimir o crescimento e que se acredita pode ser útil em diversos tipos de câncer.
A publicação na revista Cell Reports conta que o foco do trabalho foram as moléculas de adenosina 3,5-monofosfato cíclico (AMPc). O AMPc normalmente funciona como um mensageiro intracelular (transdução de sinal) podendo desencadear diferentes efeitos na célula a depender de quais proteínas foram ativadas no processo. Como exemplo, estudos anteriores sugerem que AMPc pode promover ou inibir o crescimento tumoral em diferentes circunstâncias. Entretanto, a maioria dos estudos até o momento se concentrou em proteínas ativadas ou inibidas pelo AMPc e o efeito que o processo ativado causa sistemicamente na célula.
No estudo atual, os pesquisadores decidiram por uma estratégia mais localizada. Sendo assim, em vez de ativarem ou desativarem a sinalização dependente de AMPc em toda a célula, induziram sua ativação em compartimentos celulares específicos. Das duas enzimas capazes de ativar o AMPc na célula, uma ligada à membrana e outra solúvel no citoplasma, a equipe escolheu a segunda para poder melhor direcionar dentro da célula o AMPc então disponível. Deste modo, quando a intervenção foi aplicada apenas no núcleo celular e resultou em maior disponibilidade de AMPc neste local, houve bloqueio do crescimento de células tumorais tratadas.
Molecularmente, também foi descoberto que a ativação seletiva do AMPc no núcleo das células cancerígenas inativa a via de sinalização Hippo relacionada à diferenciação celular. Segundo os autores, em que pese a importância da descoberta, ativar AMPc no núcleo celular em pacientes humanos seria pouco viável.
Deste modo, uma opção seria a inibição de fosfodiesterases nucleares específicas para reduzir a degradação do AMPc no local. Atualmente há diversos inibidores da fosfodiesterase já aprovados pelo FDA para uso humano.
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