Pesquisa básica melhora compreensão sobre a náusea e pode originar novos antieméticos

Por Docmedia

27 julho 2023

A náusea é um recurso de defesa do organismo contra intoxicações. O fenômeno pode ser definido com uma sensação de mal estar predominantemente gastrointestinal que origina o ato de vomitar (êmese). Se ordinariamente funciona como um recurso de defesa, o surgimento da náusea em outras situações, como gestação e após quimioterapia, pode configurar um complicador.

Em casos mais graves, se não tratada, a condição pode originar desequilíbrios hidroeletrolíticos e até mesmo a morte por desidratação. Infelizmente, os medicamentos antieméticos não são tão eficazes quanto se gostaria, em parte porque falta conhecimento sobre o mecanicismo da sensação de náusea.

A novidade é que um estudo de pesquisadores da Harvard Medical School trouxe maior compreensão sobre o fenômeno e identificou uma nova abordagem que pode originar melhores medicamentos antieméticos. O artigo do grupo na Cell Reports conta que o trabalho partiu de estudos anteriores que identificaram neurônios causadores de náusea em uma pequena porção do tronco cerebral chamada área postrema.

Uma vez excitados, esses neurônios que expressam o receptor GLP1 provocavam o surgimento da sensação de náuseas em modelos. Achando que seria um bom ponto de partida, a equipe de Harvard buscou mapear o efeito inverso, ou seja, neurônios com função inibitória sobre a área postrema, o que poderia reverter a sinalização para náusea. E o mapeamento desses neurônios inibitórios revelou uma extensa rede de conexões com os neurônios excitatórios GLP1. 

Nos experimentos com camundongos, a ativação dos neurônios inibitórios interrompeu o comportamento de náusea nos animais. Dos três tipos de neurônios inibitórios identificados pela equipe, sobressaiu a expressão do receptor do peptídeo insulinotrópico de glicose (GIP). GIP é um peptídeo intestinal (incretina) secretado após a ingestão alimentar para determinar liberação de insulina.

A administração de GIP aos animais acionou os neurônios inibitórios e reduziu o comportamento de náusea, sinalizando viabilidade da estratégia e tornando esses neurônios um importante alvo para novas estratégias terapêuticas antieméticas.

Quer saber mais?

Fonte: https://www.cell.com/cell-reports/fulltext/S2211-1247(22)00735-5?_returnURL=https%3A%2F%2Flinkinghub.elsevier.com%2Fretrieve%2Fpii%2FS2211124722007355%3Fshowall%3Dtrue

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