Estudo sugere um novo paradigma na abordagem da doença de Alzheimer

Por Docmedia

30 outubro 2023

A doença de Alzheimer é a principal causa de demência em todo o mundo. Há muito tempo, a identificação de agregados proteicos anormais nos cérebros desses pacientes colocou esse fenômeno no centro da patogênese e da pesquisa de novos tratamentos para a doença. Apesar de todo o esforço, ainda restam muitas lacunas nesse conhecimento e um tratamento realmente eficaz não está disponível.

A novidade é que pesquisadores do Hospital St. Vincent’s, em Sydney, Austrália, passaram a propor uma abordagem inteiramente nova para a condição. A publicação do grupo na revista Molecular Degeneration ressalta que a maior parte da pesquisa e dos tratamentos disponíveis para Alzheimer visa prevenir ou reverter de formação e deposição dos agregados proteicos anormais no cérebro, compostos por proteína tau ou proteína beta amiloide.

Segundo os autores, o estudo atual teve inspiração na observação de que as pessoas que vivem com doença de Alzheimer, e os animais estudados como modelo de doença, experimentam não apenas a deposição de agregados proteicos anormais, mas também a perda das conexões interneuronais chamadas sinapses.

Atualmente, acredita-se que as sinapses são essenciais ao processo de formação da memória que é notoriamente afetado na doença de Alzheimer, mas isso ainda não foi comprovado. Com o objetivo de colocar essa hipótese à prova, os pesquisadores se utilizaram de modelos murinos da doença de Alzheimer.

Os pesquisadores utilizaram um método conhecido como edição de RNA, que funciona como um modulador da formação das conexões interneuronais, visando impedir ou reverter o processo de perda dessas conexões. Curiosamente, ao conseguirem inibir em grau suficiente o processo de destruição das sinapses, a memória comprometida dos animais modelo foi restaurada sem a necessidade de mobilizar os agregados proteicos anormais.

Segundo os autores, seus resultados trazem uma visão totalmente nova sobre a doença de Alzheimer, com potencial de que novos tratamentos que venham a ser desenvolvidos a partir deste novo paradigma possam ser mais eficazes que os atualmente disponíveis que visam a eliminação dos agregados proteicos anormais.

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Fonte: https://molecularneurodegeneration.biomedcentral.com/articles/10.1186/s13024-023-00632-5

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