Estudo sugere que tratamento no ritmo correto pode reduzir progressão do Alzheimer

Por Docmedia

11 março 2024

Há muito tempo estudos mostram que o acúmulo de proteínas anormais, como a tau e a amiloide beta, é um fator importante na patogênese da doença de Alzheimer. Do mesmo modo, foi descoberto que o cérebro possui um sistema cuja função é evitar esse tipo de deposição e cuja progressiva ineficiência com o envelhecimento pode ser um estímulo para a progressão da doença.

A novidade é que pesquisadores do Instituto Picower de Aprendizagem e Memória do MIT investigaram uma observação de estudos anteriores e destrincharam uma estratégia para estimular o sistema de depuração do tecido cerebral. A publicação do grupo na revista Nature conta que é sabido ser possível modular o funcionamento de funções celulares a partir de diferentes estímulos.

Anteriormente, foi descoberto que a estimulação do tecido cerebral por som ou luz na frequência de 40HZ promove redução significativa da deposição de proteína amiloide beta e também promove melhora clínica cognitiva perceptível em modelos de camundongo com a doença.

No estudo atual, os pesquisadores reproduziram este fenômeno e modelos murinos de doença de Alzheimer e passaram a estudar diferentes aspectos da abordagem. Do mesmo modo que nas observações anteriores, a estimulação cerebral de 40HZ promoveu menor deposição de amiloide beta e melhora cognitiva nos animais.

Contudo, os pesquisadores também conseguiram demonstrar que a redução de amiloide se deu a partir de um aumento na função do sistema de depuração do tecido cerebral, o sistema glinfático. Essa rede de canais paralela à rede sanguínea teve diversos parâmetros de atividade medidos pela equipe e todos, como aumento da pulsatilidade e do diâmetro desses vasos, foram impulsionados.

Outra descoberta da equipe foi que a estimulação 40HZ promoveu aumento da secreção de peptídeos por um grupo de neurônios chamado interneurônios. Em especial, foi documentado aumento da secreção do peptídeo VIP, que ajuda a regular as células vasculares, o fluxo sanguíneo e a depuração glinfática no tecido cerebral.

Ao desligarem os neurônios produtores de VIP, os pesquisadores constataram cessação no aumento da atividade de depuração do sistema glinfático. Finalmente, a equipe identificou atividade diferenciada em outro tipo de célula relacionada ao processo de depuração cerebral, os astrócitos.

Nessas células, a estimulação 40HZ promoveu aumento da atividade do canal de água aquaporina 4 (AQP4), um regulador da troca de fluidos glinfáticos. Do mesmo modo, ao bloquearem química ou geneticamente a função AQP4, os pesquisadores reverteram a maior depuração de amiloide beta do tecido cerebral.

Segundo os autores, o objetivo é aprender cada vez mais sobre como a estimulação sensorial dos ritmos cerebrais pode ajudar a tratar distúrbios neurológicos.

Quer saber mais?

Fonte: https://www.nature.com/articles/s41586-024-07132-6

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