Nova abordagem de entrega se mostra promissora com droga conhecida no câncer de pâncreas

Por Docmedia

11 dezembro 2023

O adenocarcinoma ductal pancreático (PDAC) é um câncer agressivo com um prognóstico sombrio, responsável por mais de 90% dos cânceres pancreáticos. Exatamente por isso, em que pese não seja uma neoplasia tão comum, o câncer de pâncreas é a terceira principal causa de mortes por câncer. Em média, a taxa de sobrevivência dos portadores de PDAC é de 24% após um ano e tão baixa como 9% após cinco anos.

A novidade é que um estudo de pesquisadores da Virginia Commonwealth University identificou uma forma de tratamento que torna mais eficaz a atividade de uma droga já testada para terapia do câncer, o ácido poliinosínico-policitidílico (pIC). A publicação no Journal for Immunotherapy Of Cancer lembra que o pIC é um RNA de fita dupla que atua como imunoestimulante e já foi testado anteriormente contra melanoma e outros tipos de câncer.

Infelizmente, nessas ocasiões a molécula mostrou ativação limitada da resposta imune e nenhum efeito antitumoral detectável. Basicamente, o estudo atual desenvolve uma nova forma de entrega do pIC e descreve seus efeitos no PDAC. O novo veículo de entrega do pIC foi um polímero sintético solúvel em água chamado de polietilenoimina (PEI).

Para a avaliação do novo composto pIC-PEI, os pesquisadores utilizaram modelos murinos de PDAC com características humanizadas, havendo tanto animais imunocompetentes quanto ratos atímicos. Com essa estratégia de entrega do pIC diretamente no citosol das células cancerígenas, os pesquisadores documentaram um efeito muito mais robusto e promissor.

Foi visto que a atividade imunoestimulante do pIC envolve a ativação de Stat1, resultando na estimulação de CCL2 e MMP13, provocando assim a polarização de macrófagos. O conjugado pIC-PEI induz apoptose através da via AKT-XIAP, bem como diferenciação de macrófagos e ativação de células T através das vias de sinalização IFN?-Stat1-CCL2 em PDAC.

Em modelos de camundongos tumorais transgênicos, o fármaco promove atividade antitumoral robusta. Clinicamente, essa adição do veículo de entrega PEI ao pIC resultou em redução do crescimento do PDAC de até 65%, o que redundou em melhora significativa da sobrevida em comparação a animais não tratados. O efeito foi ainda mais robusto quando o pIC-PEI foi combinado com uma droga padrão como gencitabina.

Outra observação importante do estudo foi que o pré-tratamento dos animais com pIC-PEI antes da implantação dos tumores resultou em crescimento mais lento, em um efeito protetor similar ao da vacinação.

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Fonte: https://jitc.bmj.com/content/11/11/e007624

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