Alopecia androgenética, ou calvície, é uma forma de queda de cabelos geneticamente determinada. É relativamente frequente na população. Homens e mulheres podem ser acometidos pelo problema, que apesar de se iniciar na adolescência, só é aparente na idade adulta.
As causas do fenômeno envolvem a presença de androgênios, mesmo em níveis normais, e alteração do ciclo de crescimentos dos folículos capilares. A condição é tratada com estimulantes do ciclo folicular como a finasterida e o minoxidil, ou por meio de procedimentos invasivos como o transplante capilar.
A novidade é um estudo de pesquisadores da empresa Nex Therapeutics sugerindo bons resultados contra a alopecia androgenética com a utilização de um extrato oleoso de cannabis. A publicação no International Journal of Trichology conta que o fundamento da utilização do extrato oleoso de cannabis visando a alopecia androgenética se dá em função de suas ações sobre o sistema endocanabinoide (SEC).
O SEC está envolvido na manutenção da homeostase celular, regulando negativamente respostas inflamatórias prejudiciais e positivamente processos regenerativos. Canabidiol (CBD), tetrahidrocanabivarina (THCV) e canabidivarina (CBDV) são todos fitocanabinoides com ação antagonista do receptor CB1 e agonista do potencial receptor transitório vaniloide-1 (TRPV1) e do receptor vaniloide-4 (TRPV4). Além disso, CDB regula positivamente a via de sinalização Wnt. Experimentalmente, todas essas ações influenciam positivamente o ciclo do folículo capilar priorizando a fase anágena e telógena em detrimento da catágena.
Para o estudo, foram recrutados 31 participantes com alopecia androgenética, sendo 15 homens e 16 mulheres. Todos utilizaram por 6 meses uma aplicação diária de extrato oleoso de cannabis rico em CBD, THCV e CBDV com média de 33mg por aplicação. Uma contagem de cabelos da maior área de alopecia foi realizada antes do início do tratamento e novamente após 6 meses de tratamento. Os participantes foram convidados a avaliar qualitativamente a sua percepção psicossocial da melhoria da cobertura capilar após a conclusão do estudo utilizando uma escala de satisfação com 5 graduações (muito infeliz, infeliz, neutro, feliz e muito feliz).
Ao final do estudo, os resultados revelaram que todos os participantes mostraram algum recrescimento dos fios. Isso variou de 31,25% a 2.000%. O aumento médio foi estatisticamente significativo de 246% (aumento de 15,07 fios/cm2) nos homens e 127% (16,06 fios/cm2) nas mulheres. Não houve efeitos adversos relatados. Além disso, todos os participantes avaliaram sua percepção psicossocial dos efeitos sobre a cobertura capilar após o tratamento como “feliz” ou “muito feliz”. A revisão independente das fotografias revelou evidências de melhorias leves a extensas na cobertura capilar para todos os participantes.
Com tais resultados, os autores afirmam que a formulação tópica de cannabis utilizada no estudo foi superior à finasterida oral, à espuma de minoxidil 5% uma vez ao dia e até mesmo ao extrato tópico de CBD sozinho. Além disso, agindo por mecanismos diversos que os dois primeiros, é possível que a associação mostre efeitos sinérgicos.
Quer saber mais?
Fonte: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC10251293/
