Estudo lança luz sobre a relação entre psoríase e risco cardiovascular

Por Docmedia

17 outubro 2023

A psoríase é um distúrbio inflamatório crônico da pele que afeta até 3% da população mundial. O tratamento da doença é complexo, podendo envolver desde a utilização de corticoterapia tópica até produtos imunobiológicos. Nesse contexto, uma novidade importante é o alerta de pesquisadores da Universidade de Pádua sobre a existência de uma relação entre a presença da psoríase e sua influência sobre o risco cardiovascular futuro dos portadores.

A publicação no Journal of Investigative Dermatology conta que a inspiração para o trabalho veio de estudos anteriores mostrando aumento da morbimortalidade cardiovascular em portadores de psoríase grave.

No estudo atual, os pesquisadores recrutaram 503 portadores da doença com o objetivo de investigar a prevalência de disfunção microvascular coronariana por meio da avaliação da reserva de fluxo coronariano (CFR) e as relações deste com diferentes parâmetros da doença. Além da medida do CFR, os participantes tiveram registrado o tempo de evolução da doença, sua gravidade avaliada pela pontuação do Índice de Gravidade da Área de Psoríase (PASI) e o registro da presença ou não de artrite psoriática.

Na avaliação dos resultados, foi visto que valores mais baixos de CFR, que sugerem maior disfunção microvascular coronariana, foram associados de forma independente a maior tempo de duração da doença assim como a casos de maior gravidade. Além disso, os resultados do estudo mostraram que os fatores de risco cardiovasculares convencionais, como uso de tabaco, hiperlipidemia e diabetes mellitus, não foram independentemente associados à redução da CFR em pacientes com psoríase grave.

No estudo, os pacientes com CFR baixo foram submetidos à realização de angioTC para avaliar a presença de doença arterial coronariana, mas em nenhum caso foi evidenciada estenose, restando a disfunção microvascular como causa da redução de CFR.

Segundo os autores, seus achados reforçam a necessidade de considerar fatores relacionados à doença e à inflamação sistêmica que a acompanha para a avaliação do risco cardiovascular de portadores de psoríase grave. Por fim, ainda que tal hipótese necessite de estudos prospectivos que confirmem dados preliminares já existentes, há uma indicação de que o tratamento eficaz da psoríase pode reverter a disfunção microvascular coronariana.

Novos estudos podem definir se esse tipo de abordagem pode influenciar algum tipo de redução no risco cardiovascular futuro.

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Fonte: https://www.jidonline.org/article/S0022-202X(23)02502-2/fulltext

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