Estudo reafirma importância do microbioma intestinal no tratamento do câncer

Por Docmedia

25 janeiro 2024

Microbioma intestinal é o termo que define uma coleção de microrganismos que convive em simbiose com os seres vivos superiores. Na verdade, o corpo humano possui mais células bacterianas do que humanas.

Nas últimas décadas, o conhecimento humano tem evoluído para mostrar que o microbioma intestinal tem uma importância que vai muito além daquela inicialmente conhecida de auxiliar no processo de digestão dos alimentos. Efetivamente, vem sendo descoberto que esse conjunto de microrganismos, diretamente ou indiretamente por meio de seus produtos, exerce influência crítica em diversos processos biológicos do organismo hospedeiro, inclusive no que diz respeito ao binômio saúde e doença.

Nesse contexto, a novidade é um estudo de pesquisadores da Universidade de Flinders e colegas israelenses da Universidade de Tel Aviv e do Centro Médico Sheba que vem reforçar a importância do microbioma intestinal para os resultados do tratamento oncológico. A publicação do grupo na revista Nature Reviews Immunology que foi realizada uma revisão abrangente com mais de 200 publicações de estudos englobando as relações entre o microbioma intestinal e o tratamento oncológico.

Dentre as centenas de estudos analisados, muitos demonstraram os intrincados mecanismos pelos quais microrganismos específicos podem alterar o comportamento do nosso sistema imunológico e tornar o ambiente dentro dos tumores mais ou menos favorável para o corpo atacar as células cancerígenas, embora o microbioma não interfira diretamente no combate ao câncer, ficou demonstrado que alterações em sua composição podem ser capazes de melhorar as condições do organismo hospedeiro de localizar a eliminar as células cancerígenas do mesmo modo que pode promover alterações no microambiente tumoral também facilitem essa missão do sistema imune.

Ultimamente, diversas estratégias de manipulação do microbioma foram desenvolvidas, podendo ser citadas a utilização de alimentos prebióticos e probióticos, alterações na dieta e o transplante de microbiota fecal (FMT). Estudos vêm demonstrando que intervenções nesse sentido têm contribuído para tornar o tratamento oncológico mais eficaz e menos tóxico para os pacientes.

Como exemplo, os pesquisadores citam os ensaios clínicos de fase I-II demonstrando que intervenções como o FMT podem superar a resistência ao tratamento com inibidores do ponto de verificação imunológico em pacientes com melanoma, melhorar os resultados terapêuticos em pacientes sem tratamento prévio e reduzir as imunotoxicidades induzidas pela terapia.

Por fim, os autores afirmam que, apesar de muito trabalho ainda por ser feito, há confiança de que o trabalho neste campo resultará em melhores resultados no tratamento oncológico.

Quer saber mais?

Fonte: https://www.nature.com/articles/s41577-023-00951-0

Total
0
Shares

Deixe uma resposta

Postagens relacionadas
%d blogueiros gostam disto: