Pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisa do Câncer, nos EUA, afirmam terem identificado uma nova combinação de fármacos antineoplásicos que se mostrou mais eficaz contra o câncer colorretal ao promover um duplo ataque contra a doença. A publicação do grupo na Nature Communications conta que o trabalho revelou não apenas a eficácia aprimorada dos tratamentos anticancerígenos para o câncer colorretal em camundongos, mas também um mecanismo desconhecido anteriormente de reparo do DNA.
Tópico principal da pesquisa, os inibidores da topoisomerase 1 (TOP1) são amplamente utilizados no tratamento do câncer colorretal e de outros tipos de câncer. Esses medicamentos interferem com a ação da enzima TOP1, responsável por solucionar problemas estruturais no DNA durante a proliferação celular.
Ao prender o TOP1 ao DNA, os inibidores do TOP1 podem ser aproveitados para matar as células cancerígenas. Ocorre que as células cancerígenas têm a capacidade de desenvolver resistência a essas drogas devido aos mecanismos de reparo do DNA presentes nas células. Deste modo, foi empreendida uma busca por drogas que pudessem atingir esses mecanismos de reparo e aumentar os efeitos anticancerígenos dos inibidores do TOP1.
Os pesquisadores examinaram aproximadamente 2.500 combinações de drogas em colaboração com o National Center for Advancing Translational Sciences (NCATS) do NIH. Suas análises indicaram que o pevonedistat, quando utilizado em combinação com os inibidores do TOP1, poderia ser particularmente eficaz.
Em experimentos com camundongos portadores de tumores colorretais humanos, o tratamento com pevonedistat e o inibidor TOP1 irinotecano resultou em uma redução significativa do tumor e aumento da sobrevida, em comparação com o uso isolado de cada droga. Resultados semelhantes foram observados com a combinação de pevonedistat e outro inibidor do TOP1, o topotecano.
A pesquisa revelou que a proteína NEDD8 é necessária para remover as enzimas TOP1 presas ao DNA. O pevonedistat age bloqueando a NEDD8, explicando assim sua eficácia em matar as células cancerígenas quando combinado com inibidores do TOP1.
Segundo os autores, a descoberta não apenas contribui para a pesquisa em quimioterapia, mas também amplia o conhecimento sobre o funcionamento celular. Os danos ao DNA ocorrem frequentemente e todas as células, incluindo as cancerígenas, precisam lidar com eles diariamente. O mecanismo descrito no trabalho pode permitir o reparo de danos indesejados no DNA, tornando-se uma descoberta fundamental com grande potencial.
Com relação ao tratamento do câncer colorretal, existem indicações de que o pevonedistat pode ser uma terapia viável. O fármaco já é aprovado pelo FDA para o tratamento de síndromes mielodisplásicas pré-cancerígenas e os experimentos com camundongos mostraram que sua combinação com inibidores do TOP1 foi bem tolerada, sugerindo sua potencial segurança em seres humanos.
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