Estudo demonstra efeito protetor do microbioma intestinal sobre o diabetes tipo 2

Por Docmedia

13 outubro 2023

O pool de bactérias abrigadas nos intestinos dos mamíferos é conhecido como microbioma intestinal. Nos últimos tempos, diferentes estudos sugerem inter-relações entre o microbioma intestinal e diferentes agravos de saúde experimentados pelos seres humanos.

A novidade é um estudo de pesquisadores do Centro RIKEN de Ciências Médicas Integrativas, no Japão, demonstrando forte correlação entre o perfil da microbiota intestinal e o desenvolvimento de resistência insulínica, obesidade e diabetes tipo 2. A publicação na revista Nature conta que a interessante descoberta teve início com um trabalho de acompanhamento de 306 indivíduos, sendo 71% do sexo masculino, com idades entre 20 e 75 anos (idade mediana de 61 anos), que foram recrutados durante seus exames anuais de saúde.

Os participantes tiveram seus níveis de resistência insulínica avaliados e também forneceram amostras de fezes. Com essas amostras, os pesquisadores conduziram uma investigação tanto do perfil de microbioma da amostra quanto da medição de diversos metabólitos presentes. Aqui, importante dizer que parte da atividade biológica de algumas espécies do microbioma consiste justamente em decompor os carboidratos ingeridos na dieta.

Quando os pesquisadores cruzaram os três conjuntos de dados, resistência insulínica, metaboloma das fezes e microbioma, algumas correlações importantes surgiram. Foi descoberto que uma maior resistência à insulina estava associada ao excesso de carboidratos na matéria fecal, especialmente monossacarídeos como glicose, frutose, galactose e manose. Além disso, foi visto que os intestinos de participantes com maior resistência à insulina continham mais bactérias da ordem taxonômica Lachnospiraceae do que de outras ordens.

Além disso, microbiomas que incluíam Lachnospiraceae foram associados ao excesso de carboidratos fecais. Por outro lado, em participantes com menores índices de monossacarídeos nas fezes e menores graus de resistência insulínica, a microbiota tendia a ser mais rica em espécies do tipo Bacteroidales.

Com esses dados em mãos, a equipe retornou a bancada do laboratório com testes in vitro e in vivo. Com bactérias em cultura, foi demonstrado que as Bacteroidales consumiram os mesmos tipos de monossacarídeos encontrados nas fezes de pessoas com alta resistência à insulina, sendo a espécie Alistipesindistinctus  a mais efetiva nesta atividade.

Já em um modelo murino de obesidade, foi visto que o tratamento com A. indistinctus reduziu a quantidade de monossacarídeos nas fezes, a resistência insulínica e também a glicemia dos animais. Deste modo, os autores afirmam que a predominância de Lachnospiraceae pode ser vista como um marcador de risco de resistência insulínica, obesidade e diabetes tipo 2. Por outro lado, consideram que o tratamento da resistência insulínica por probiótico contendo A. indistinctus precisa ser corroborado por ensaios clínicos.

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Fonte: https://www.nature.com/articles/s41586-023-06466-x

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