Anti-hipertensivo comum se mostra eficaz em prevenir progressão da doença renal no diabetes

Por Docmedia

18 abril 2023

O diabetes mellitus é de longe a principal causa de doença renal crônica no mundo. Os altos níveis de glicose no sangue promovem lesões vasculares que progressivamente declinam a função renal até a insuficiência. Infelizmente, mesmo com as terapias atuais para diabetes, cerca de 40% dos pacientes apresentam progressão do quadro renal.

A novidade é que pesquisadores da Universidade de Bristol passaram a afirmar que uma estratégia inaugurada com base em um anti-hipertensivo comum pode ser uma nova arma para preservação da função renal em pacientes diabéticos. Publicação recente na JCI Insight conta que o mesmo grupo já havia demonstrado anteriormente que a ativação do receptor de mineralocorticoide causava danos ao glicocálice endotelial glomerular (GEG), a primeira parte da barreira de filtração glomerular, induzindo a ocorrência de microalbuminúria, que é um dos primeiros sinais da nefropatia diabética.

No estudo atual, o objetivo foi investigar se o antagonismo do receptor de mineralocorticoide poderia limitar a albuminúria no diabetes mellitus e determinar o mecanismo subjacente. Para isso, o medicamento escolhido foi a espironolactona, um medicamento anti-hipertensivo com ação diurética e cujo mecanismo de ação é exatamente o antagonismo do receptor de mineralocorticoide. Como modelo, foram utilizados ratos Wistar cujo diabetes foi induzido por estreptozotocina e com isso desenvolveram aumento da permeabilidade glomerular e albuminúria.

Outros experimentos demonstraram que a albuminúria era consequente a maior atividade de enzimas metaloproteases da matriz glomerular que causavam danos ao GEG. O posterior tratamento dos animais com espironolactona resultou em redução da atividade das metaloproteases, preservação de GEG, redução da permeabilidade glomerular à albumina e inibição do declínio da função renal.

Segundo os autores, o estudo é importante por descrever um mecanismo viável para a preservação da função glomerular por meio do antagonismo do receptor de mineralocorticoide. Mas, para além disso, a equipe pretende investigar o reaproveitamento de outros medicamentos visando especificamente as metaloproteases e, por meio desse efeito mais seletivo, evitar os efeitos colaterais indesejáveis dos antagonistas do receptor de mineralocorticoide como a hipercalemia.

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Fonte: https://insight.jci.org/articles/view/154164

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