Estudo corrobora link entre microbioma intestinal e sintomas de autismo

Por Docmedia

14 outubro 2022

O transtorno do espectro autista (TEA) é um distúrbio do neurodesenvolvimento que curso com graus variáveis de prejuízo na função de interação social e comportamentos repetitivos. O tratamento, que inclui serviços de apoio, terapia e medicação direcionada a sintomas, tem efeitos limitados até porque a causa da doença não é conhecida.

Seguindo na trilha de indícios sugerindo que o TEA pode ser causado por interações entre genes específicos e fatores ambientais, pesquisadores da Universidade de Roma e da Universidade da Calábria conseguiram demonstrar um papel da microbiota intestinal na gênese da condição. A publicação em Neuroscience conta que o feito foi alcançado por meio de experimentos em modelos murinos.

Um grupo de camundongos em idade precoce recebeu transplantes de microbiota fecal (TMF) oriunda das fezes de crianças com TEA. Um segundo grupo de camundongos foi exposto intraútero ao ácido valpróico, intervenção com comprovado efeito sobre a diversidade do microbioma e sobre escores de comportamento social.

Segundo os autores, em comparação com os animais expostos ao valproato, os animais que receberam TMF a partir de crianças com TEA passaram a serem colonizados por microbiota similar à encontrada em portadores da doença e a exibirem sintomas e comportamentos típicos da doença em testes com labirintos. Tais variações mostraram forte relação com o aumento da população de Tenericutes e redução relevante das populações da Actinobacteria e Candidatus S. no grupo submetido ao TMF.

Molecularmente, foi demonstrado que a microbiota resultante do TMF foi responsável por níveis elevados de expressão dos fatores pró-inflamatórios IL-1?, IL-6, COX-1 e TNF-? no cérebro e no intestino delgado dos animais. Além disso, houve aumento da atrofia das vilosidades intestinais, aumento da infiltração inflamatória (Caspase 3 e Ki67) e diminuição do estado de metilação no intestino dos animais FMT em comparação ao grupo do ácido valpróico.

Com esses resultados, o estudo ratifica a relação anteriormente sugerida entre TEA e microbioma, abrindo espaço para que novos estudos resultem em estratégias contra o TEA baseadas em dieta e manipulação da microbiota.

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Fonte: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0306452222003414?via%3Dihub

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