Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte em todo o mundo. Em muitos casos, as doenças cardiovasculares evoluem para uma parada cardíaca súbita, também conhecida como morte súbita, sendo que são estimados cerca de 4 milhões de episódios do tipo anualmente.
Nesses casos, o principal fator modificador do prognóstico é a rápida aplicação de um desfibrilador externo para reativação do ritmo cardíaco sinusal. Deste modo, muitos sistemas de saúde adotaram como política a instalação de desfibriladores acessíveis em diferentes pontos da comunidade. Ainda assim, apenas cerca de 10% daqueles que sofrem uma parada cardíaca sobrevivem.
Agora, um novo estudo de pesquisadores do Instituto Karolinska propõe e mostra ser viável deixar a tecnologia de desfibrilação rápida a cargo de drones. A publicação do grupo na revista The Lancet traz os dados de um estudo prospectivo sueco que comparou a entrega rápida de desfibriladores externos automáticos (DEA) por meio de drones em comparação ao acionamento de ambulâncias.
O projeto cobriu uma área de aproximadamente 200 mil pessoas no oeste da Suécia. Anteriormente, um estudo inicial realizado no verão de 2020 em Gotemburgo e Kungälv mostrou que a ideia era viável e segura.
Na avaliação dos resultados, os drones entregaram um DEA em 55 casos de suspeita de parada cardíaca. Em 37 destes casos, a utilização do DEA ocorreu antes da chegada de uma ambulância, correspondendo a 67%, com uma antecipação mediana de três minutos e 14 segundos.
Nos 18 casos de parada cardíaca real, o chamador conseguiu utilizar o DEA em seis casos, representando 33%. O choque foi recomendado pelo aparelho em dois casos e em um caso o paciente sobreviveu. Outro ponto importante é que a tecnologia de drone permitiu, na maioria dos casos, que os operadores tivessem tempo para fornecer orientações complementares sobre o uso do DEA a quem realizou o chamado.
Com tais resultados, os autores consideram que o estudo demonstrou de forma clara a viabilidade e a segurança da entrega de DEA por meio de drone em casos de parada cardíaca em situações de mundo real.
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Fonte: https://www.thelancet.com/journals/landig/article/PIIS2589-7500(23)00161-9/fulltext