Estratégia sobre o TOC tem resultado negativo, mas fornece avanço para pesquisas futuras

Por Docmedia

13 setembro 2023

O transtorno obssessivo compulsivo (TOC) é uma condição angustiante pois enseja importante queda na qualidade de vida e está associada a ansiedade, depressão e elevadas taxas de suicídio. Infelizmente, as opções de tratamento atuais funcionam significativamente apenas para parte dos pacientes. Sendo assim, há uma necessidade urgente de encontrarmos intervenções mais direcionadas para reduzir os sintomas e melhorar a qualidade de vida do paciente.

A novidade é que mesmo um estudo frustrado de pesquisadores do Instituto de Pesquisa Médica QIMR Berghofer, na Austrália, pode trazer avanços para o futuro combate à condição. A publicação do grupo na Nature Mental Health traz os dados de um ensaio clínico de oito anos testando a estimulação magnética transcraniana (EMT), um tratamento que visa modificar a atividade das células cerebrais por meio de estímulos magnéticos e que já funciona contra a depressão.

O estudo recrutou 50 participantes diagnosticados com TOC que foram submetidos a avaliações clínicas basais e neuroimagem. A intervenção compreendeu 20 sessões durante a semana de estimulação theta burst contínua neuronavegada do pólo frontal ou sham. Os participantes e todos os funcionários que avaliaram os resultados da intervenção não conheciam as condições.

A EMT ativa foi aplicada em 26 participantes e os demais receberam tratamento simulado que não tem potencial de modificar a atividade cerebral. Todos completaram o desfecho primário com 4 semanas e 23 participantes da ETM ativa alcançaram o desfecho secundário com 6 meses (n total = 46).

Os sintomas de TOC (resultado primário) diminuíram em ambos os grupos (ativo -4,35, P< 0,001; sham -5,92, P< 0,001), mas não houve diferença significativa entre os grupos (P=0,33,n p 2 =0,02). Da mesma forma, não houve diferença significativa entre os grupos nas mudanças de conectividade do pólo frontal com o corpo estriado (P=0,09, n p 2=0,06).

Mudanças nos desfechos secundários (sintomas de ansiedade e depressão e atividade localizada no pólo frontal) não diferiram entre os grupos. Apesar disso, os autores consideram que houve uma diminuição significativa nos sintomas em todos os níveis, o que pode ser devido ao acompanhamento regular que os participantes receberam durante o estudo.

Apesar de ETM não ter funcionado nos parâmetros adotados, restou um conjunto valioso de descobertas que dá pistas sobre por que motivos a intervenção não funcionou e como se deve concentrar a pesquisa futura para avançar.

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Fonte: https://www.nature.com/articles/s44220-023-00094-0

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