Doença de Alzheimer, menos proteínas ou mais placas?

Por Docmedia

27 fevereiro 2023

Há mais de cem anos, os pesquisadores identificaram corpúsculos proteicos aglomerados nos cérebros de indivíduos que faleceram após um quadro demencial progressivo. Esses aglomerados incorporam a proteína amiloide beta (AB) em uma forma anormal e insolúvel. Por todo esse tempo, as placas de AB foram consideradas centrais na patogenia da doença de Alzheimer (DA) e as pesquisas investigavam estratégias para impedir ou retardar sua formação.

A novidade é que um estudo de pesquisadores da Universidade de Cincinnati propõe uma abordagem inteiramente diferente, entendendo as placas de AB como uma consequência da doença e não sua causa. A publicação do grupo no Journal of Alzheimer’s Disease lembra que a proteína AB é encontrada naturalmente no cérebro saudável e desempenha uma série de funções importantes. Já as placas passam a se formar quando a forma saudável e solúvel da proteína AB se torna insolúvel.

Sendo assim, os pesquisadores formularam a hipótese de que a doença poderia ter como causa a diminuição da quantidade total disponível de proteína AB solúvel e não sua agregação em placas que promoveriam toxicidade neuronal. Ainda segundo os autores, estresse de origem biológica, metabólica ou infecciosa podem, no curso da vida, promover a alteração estrutural da proteína AB solúvel em placas com a forma insolúvel, não sendo todos os indivíduos com muita deposição de placas AB que desenvolverão o quadro demencial da DA.

Partindo de estudos anteriores sinalizando que pessoas com quantidades de proteína AB normais no cérebro tendiam a não desenvolver demência independentemente da quantidade de placas depositadas, os pesquisadores desenvolveram o estudo atual. Indivíduos com mutações que predispõem a grande formação de placas de proteína AB (App, PSEN1 e PSEN2) tiveram dosados os níveis da proteína AB solúvel.

Com essa estratégia, foi visto que pessoas com altos níveis de AB solúvel tendem a permanecer cognitivamente normais, com o contrário ocorrendo em pessoas com níveis mais baixos. Foi possível até mesmo determinar que níveis de proteína AB solúvel de 270 picogramas por mililitro tendem a preservar a cognição de forma independente das placas.

Segundo os autores, seus dados sugerem a pesquisa de estratégias que resgatem ou preservem valores normais de proteína AB solúvel como potencialmente benéficas.

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Fonte: https://content.iospress.com/articles/journal-of-alzheimers-disease/jad220808

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