Identificado mecanismo de promoção da doença de Alzheimer relacionado ao dano de DNA

Por Docmedia

24 fevereiro 2023

A doença de Alzheimer (DA) é a principal causa de demência no mundo. Infelizmente, ainda não existem tratamentos eficazes para a condição, apesar de todo o esforço de pesquisa. A novidade é que um estudo recente de pesquisadores do Massachusetts Institute of Technology (MIT) fugiu da investigação da proteína beta-amiloide e descobriu um mecanismo inédito de promoção da doença.

A publicação em Science Advances conta que o principal foco do trabalho foram os próprios neurônios acometidos pela DA. No curso da doença, as células neuronais acometidas terminam por sofrer danos em seu DNA ou quebras de fita dupla (DSB). Inicialmente, essas células se utilizam de mecanismos intrínsecos de reparo para tentar sanar as DSB, mas falham. Até então, pensava-se que o mecanismo se encerrava neste ponto, mas o grupo do MIT descobriu que essas células com DSB iniciam uma sinalização que promove a progressão da doença.

Para descobrir isso, foram utilizadas técnicas transcriptômicas de núcleo único, em massa e espacial que ajudaram a identificar os neurônios portadores de DSB em modelos murinos de DA e amostras de tecido cerebral post mortem de pacientes. Com isso, se descobriu que os neurônios portadores de DSB secretam duas moléculas, CCL2 e CXCL10, que funcionam como agentes quimiotáticos para recrutar e ativar as células microgliais.

Em experimentos com culturas celulares, desativar cada uma dessas moléculas sinalizatórias ajudou a reduzir a degeneração dos prolongamentos sinápticos dessas células. Como resultado, é ativado um estado de neuroinflamação que retroalimenta o dano causado pela doença e induz a degeneração das sinapses.

Outra descoberta importante é que a sinalização de dano do DNA (DSB) que medeia todo o processo é a ativação do fator nuclear kB (FNkB). Curiosamente, a equipe também descobriu ser possível reverter o estado de ativação da microglia e impedir a degradação das sinapses simplesmente inibindo a sinalização imune promovida por FNkB.

Segundo os autores, seus dados apontam para um antes desconhecido papel dos neurônios no processo de neuroinflamação. Além disso, o estudo descreve um link entre dois processos promotores da doença, fragilidade genômica e neuroinflamação.

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Fonte: https://www.science.org/doi/10.1126/sciadv.abo4662

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