Direcionar o processo inflamatório pode ser estratégia terapêutica em cânceres resistentes

Por Docmedia

23 junho 2023

Pesquisadores do Van Andel Institute anunciaram a identificação de uma mutação genética específica associada à inflamação disseminada e aumento do risco do desenvolvimento de cânceres resistentes ao tratamento. Alguns estudos anteriores já associaram alguns tipos de câncer a um processo inflamatório específico, mas não haviam determinado o mecanismo subjacente.

Agora, a equipe do Van Andel Institute parece ter fechado esta lacuna. A publicação na Molecular Cell esclarece que o foco do trabalho foi o gene STK11. Curiosamente, a mutação com perda de função do gene STK11 está entre as mais frequentemente encontradas entre os cânceres humanos.

Clinicamente, os tumores que perdem o gene STK11 são difíceis de tratar porque resistem à quimioterapia tradicional e a muitas das mais recentes imunoterapias. Deste modo, entender como essa mutação específica pode levar ao câncer é uma etapa crítica para o tratamento com sucesso destes tumores. Em modelos celulares, os pesquisadores descobriram que a perda da função STK11 leva à produção pelas células de quantidades insuficientes da proteína LKB1.

Ocorre que a LKB1 é uma proteína essencial para o controle de diversos processos relacionados à multiplicação celular. Em outras palavras, LKB1 tem a função supressora tumoral prejudicada quando tem seus níveis reduzidos. Com isso, as células sofrem uma alteração epigenética que influencia diversos processos críticos no controle da proliferação celular podendo ficar disfuncionais levando à carcinogênese.

Entre as neoplasias humanas mais frequentes que cursam com a perda de STK11/LKB1 podemos citar especialmente câncer de pulmão resistente ao tratamento, adenocarcinoma ductal pancreático e o câncer de colo uterino. Outro ponto destacado pelos autores é que, além do câncer, a perda da função STK11 também influencia a patogênese da rara Síndrome de Peutz-Jeghers, uma polipose familiar do cólon que cursa com o risco muito aumentado de câncer colorretal.

Por fim, os autores afirmam que com essa etapa do mecanismo desvendada, o momento é de construir estratégias para direcionar a inflamação associada à perda de função STK11 visando prevenir esses cânceres e melhorar os resultados da Síndrome de Peutz-Jeghers.

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Fonte: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1097276523002885?via%3Dihub

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