Cirurgia bariátrica inspira terapia endoscópica inédita para o diabetes tipo 2

Por Docmedia

13 junho 2023

É sabido que a enorme maioria dos indivíduos portadores de obesidade severa e com indicação de tratamento cirúrgico também são portadores de diabetes tipo 2. Nesses casos, a exposição crônica do organismo a uma dieta com excessos de calorias terminou por induzir a ocorrência de resistência insulínica e diabetes tipo 2.

Em muitos casos, o processo é tão intenso que há a necessidade de que esses pacientes façam uso de insulina apesar de seu organismo ainda apresentar capacidade de produção, diferentemente do diabetes tipo 1. Com o tratamento cirúrgico, os pacientes perdem peso rapidamente, o que os ajuda no controle dos diversos transtornos metabólicos causados pela obesidade.

A novidade é que pesquisadores da Universidade de Amsterdã se interessaram por uma observação feita em pacientes submetidos à cirurgia de bypass gástrico, que é o fato de que muitos desses pacientes passam a apresentar melhor controle da insulina mesmo antes de qualquer perda de peso, indicando que esse efeito poderia ter sido mediado simplesmente pela exclusão do trânsito de alimento pelo estômago e porção inicial do duodeno (efeito da cirurgia).

No estudo atual, a equipe de Amsterdã recrutou 14 pacientes portadores de diabetes tipo 2 que foram submetidos a um procedimento endoscópico no qual pulsos elétricos alternados foram entregues ao duodeno com o objetivo de promover a reepitelização daquela área de mucosa digestiva. Após o procedimento de uma hora, os pacientes receberam alta no mesmo dia e, em seguida, receberam uma dieta líquida controlada por calorias por duas semanas.

Os pacientes então começaram a tomar o hipoglicemiante oral semaglutida com titulação de até 1 mg por semana. Digno de nota que a semaglutida sozinha só consegue controlar adequadamente e sem necessidade de insulina aproximadamente 20% dos portadores de diabetes tipo 2.

Neste experimento, ao contrário, 12 dos 14 participantes (86%) conseguiram manter o controle glicêmico apenas com semaglutida por até 1 ano, sugerindo que parte relevante do efeito de como responsável o procedimento endoscópico.

Os números desse importante estudo preliminar serão apresentados na Semana de Doenças Digestivas (DDW) 2023. Além disso, os autores estão começando a trabalhar em um estudo controlado randomizado duplo-cego para validar esses resultados iniciais, ressaltando o caráter regenerativo da nova potencial técnica ao restabelecer o controle glicêmico nativo do paciente.

Quer saber mais?

Fonte: https://ddw.org/register/registration/

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