Células Beta: abordagem inovadora no tratamento do diabetes tipo 2

Por Docmedia

6 março 2024

O sobrepeso e obesidade são verdadeiros problemas de saúde pública na maioria das sociedades contemporâneas. Nos EUA, cerca de metade da população apresenta a condição, que é um fator de risco para o desenvolvimento de diabetes tipo 2 e aumento do risco cardiovascular. As terapias de diabetes atuais focam todas no controle dos níveis de açúcar no sangue. Entretanto, esse tipo de abordagem não tem um viés propriamente causal.

O diabetes tipo 2 não se desenvolve imediatamente, e nem sem exceção, nos indivíduos obesos. Ao contrário, é uma condição progressiva, passando pela resistência insulínica e, finalmente, pelo diabetes. Essa fase de transição tem como característica a progressiva disfunção e perda de células beta do pâncreas, que é um aspecto não considerado nas terapias atuais.

A novidade é que um novo esforço de pesquisa da Helmholtz Munique em colaboração com o Centro Alemão de Pesquisa sobre Diabetes, a Universidade Técnica de Munique e a Universidade Ludwig-Maximilians de Munique, é dirigido exatamente para a manutenção da saúde das células beta. A publicação do grupo em Nature Metabolism conta que o foco do trabalho foram os receptores inibitórios de insulina, também chamados inceptores.

Os inceptores são regulados positivamente no diabetes tipo 2 e estão presentes na maioria das células do corpo. Evidências sugerem que os inceptores podem contribuir para a resistência à insulina, agindo como reguladores negativos desta via de sinalização. Deste modo, torna tentador imaginar que o bloqueio funcional do inceptor poderia rever o processo.

No estudo atual, os pesquisadores utilizaram modelos murinos de diabetes tipo 2 induzido por dieta para rastrear e bloquear a função do inceptor em diferentes células para verificar se tal intervenção influenciaria o controle da glicose e a função das células beta.

Foi descoberto que animais sem qualquer expressão do inceptor mostravam melhor controle glicêmico por maior secreção de insulina em resposta à glicose, tudo isso sem modificação do peso corporal. Em seguida, foi investigada a distribuição do inceptor no cérebro e descobriram a sua presença generalizada nos neurônios.

Neste caso, a exclusão do inceptor das células neuronais também melhorou a regulação da glicose em camundongos obesos. Por fim, o mesmo tipo de intervenção foi feito nas células beta do pâncreas dos camundongos, quando a remoção do inceptor resultou em melhor controle glicêmico e ligeiro aumento da massa de células beta.

Segundo os autores, seus dados sustentam que a inibição farmacológica da função do inceptor se mostra como uma promissora estratégia de controle do diabetes tipo 2 focando na saúde das células beta. Exatamente por isso, os pesquisadores estão investigando ativamente o potencial de diferentes moléculas para promover a inibição do inceptor.

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Fonte: https://www.nature.com/articles/s42255-024-00991-3

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