Cetamina é opção viável à eletroconvulsoterapia na depressão resistente ao tratamento

Por Docmedia

18 agosto 2023

O transtorno depressivo maior (TDM) é uma das principais causas de incapacidade em todo o mundo e estima-se que afete 21 milhões de adultos nos Estados Unidos. Infelizmente, parte considerável dos pacientes se mostra resistente ao tratamento com os antidepressivos tradicionais, necessitando de níveis mais elevados de cuidado.

Para estes pacientes com depressão grave, a eletroconvulsoterapia (ECT) tem sido a opção padrão ouro de tratamento há mais de 80 anos, mas apresenta consideráveis inconvenientes como estigma social e efeitos adversos sobre a memória. A novidade é que um estudo de pesquisadores do Mass General Brigham validou um antigo anestésico aprovado pelo FDA como opção não inferior à ECT nesses casos.

A publicação no New England Journal of Medicine conta que o foco do trabalho foi a cetamina, um sedativo e anestésico que estudos anteriores mostraram potentes e rápidos efeitos antidepressivos em portadores de TDM. O estudo atual teve desenho comparativo e randomizado, designando 403 pacientes randomizados para receberem ECT três vezes por semana ou cetamina duas vezes por semana durante três semanas.

Os pacientes foram acompanhados por um período de seis meses após o tratamento e responderam a um questionário de autoavaliação de sintomas depressivos, que incluía também testes de memória e questões sobre qualidade de vida.

Na avaliação dos resultados, foi descoberto que 55% daqueles que receberam cetamina e 41% daqueles que receberam ECT relataram pelo menos uma melhora de 50% em seus sintomas depressivos autorrelatados e uma melhora em sua qualidade de vida autorrelatada que durou ao longo de todos os seis meses de acompanhamento. Enquanto o uso da cetamina não foi associado a efeitos colaterais adversos, exceto experiência de dissociação transitória no momento do tratamento, a utilização da ECT resultou em perda de memória e efeitos adversos no sistema musculoesquelético.

Segundo os autores, o desenho do estudo em esquema de mundo real mostra a cetamina como não inferior à ECT para o TDM resistente ao tratamento, configurando uma nova opção para pacientes afetados por esse distúrbio que traz tanto sofrimento e limitação.

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Fonte: https://www.nejm.org/doi/10.1056/NEJMoa2302399

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