Tratamento antidepressivo de longo prazo associado a maior risco cardiovascular

Por Docmedia

7 novembro 2022

O transtorno depressivo maior (TDM) é a principal causa de absenteísmo no mundo, além de promover outros prejuízos para a saúde dos portadores. Por outro lado, o tratamento de TDM não possui opções eficazes e com efeitos duradouros, o que resulta em tratamentos que se estendem por longos períodos.

Como resultado, o número de pacientes convivendo a doença tende a aumentar. Nesse contexto surge a preocupação sobre o risco de o tratamento de TDM também causar malefícios. Para tentar chegar à resposta, pesquisadores da Universidade de Bristol conduziram o estudo epidemiológico mais amplo até agora sobre o tema.

A publicação no Journal of Psychiatry Open conta que o objetivo do trabalho era descobrir se o uso de antidepressivos a longo prazo (acima de 5 ou 10 anos) estava associado ao aparecimento das seguintes morbidades: diabetes, hipertensão, coronariopatia e acidente vascular cerebral. Além disso, foi investigada a relação entre o tratamento antidepressivo em longo prazo e a ocorrência de morte por qualquer causa e morte de origem cardiovascular.

A investigação foi feita em cima de dados de 222.121 participantes adultos do UK Biobank com idades entre 40 e 69 anos. A comparação dos dados de saúde estabelecidos como desfechos foi feita entre grupos que não tinham histórico de uso de antidepressivos e aqueles de utilizaram essas drogas por um período de 10 anos.

Neste segundo grupo, o tipo de droga antidepressiva utilizada foi subdividido entre os participantes que utilizaram fármacos inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS) e os que utilizaram outras classes de antidepressivos (mirtazapina, venlafaxina, duloxetina e trazodona). Os fatores de risco cardiovascular presentes também foram levados em consideração e, após essa adequação, a equipe descobriu que o uso de antidepressivos a longo prazo foi associado a um risco aumentado de doença cardíaca coronária e a um risco aumentado de morte por doença cardiovascular e por qualquer causa.

Entre os subgrupos de antidepressivos, o risco foi maior para drogas não ISRS, cujo uso foi associado a um risco 2 vezes maior de doença coronariana, mortalidade cardiovascular e mortalidade por todas as causas em 10 anos. Por outro lado, ISRS foram associados a um risco curiosamente menor (-23% a –32%) de hipertensão e diabetes.

Segundo os autores, mais estudos são necessários para verificar essas associações, mas fica o alerta de que a prescrição de antidepressivos pode não ser tão segura no longo prazo.

Quer saber mais?

Fonte: https://www.cambridge.org/core/journals/bjpsych-open/article/antidepressant-use-and-risk-of-adverse-outcomes-populationbased-cohort-study/6AAA6943E55F8B08DD9E25155E72931F

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