Resposta imune tem papel fundamental nos benefícios promovidos pela prática de exercício

Por Docmedia

23 novembro 2023

Os efeitos salutares do exercício físico regular, que protege contra doença cardiovascular, diabetes e demência, estão bem estabelecidos. Mas como esses benefícios são mediados pelo exercício é uma questão ainda não respondida.

Nesse contexto, uma curiosa observação foi feita em um estudo publicado em 1902, quando amostras de sangue recolhidas de participantes da Maratona de Boston antes e depois da prova mostraram aumento dos leucócitos circulantes nos atletas.

Agora, um estudo de pesquisadores da Harvard Medical School lança luz sobre esse fato curioso e sobre os efeitos que o exercício promove no tecido muscular. A publicação do grupo na revista Science Immunology conta que o trabalho utilizou modelos murinos submetidos a diferentes regimes de exercício.

Enquanto um grupo de animais correu regularmente na esteira, um grupo fez apenas uma sessão de corrida e os demais permaneceram sedentários. Em seguida, amostras do músculo esquelético das patas traseiras dos animais foram obtidas para análise. Nos camundongos que fizeram o exercício, havia marcados sinais de inflamação, aumento de mediadores inflamatórios incluindo interferon no músculo e maior infiltração de células imunes, mais especificamente células T reguladoras (Tregs).

É sabido que as Tregs têm como função exatamente modular a inflamação para que não se torne excessiva e danosa ao organismo. Além disso, as células musculares dos ratos que correram em esteiras, seja uma vez ou regularmente mostraram maior atividade em genes que regulam vários processos metabólicos.

No músculo, essas células combateram a inflamação e reduziram os níveis de interferon, direcionando o músculo para a recuperação. Nenhuma dessas alterações foi observada nas células musculares de camundongos sedentários. Além disso, mas apenas nos animais submetidos ao exercício regular, os benefícios metabólicos e de desempenho do exercício foram aparentes.

Nesse grupo, os Tregs não apenas subjugaram a inflamação e os danos musculares induzidos pelo esforço, mas também alteraram o metabolismo e o desempenho muscular, mostrou o estudo.

Outro experimento exercitou um grupo de animais modificado geneticamente para não ter Tregs, o que fez com que o exercício físico resultasse inflamação descontrolada e disfunção mitocondrial nas células musculares da pata traseira. Esses animais sem Tregs também não se adaptaram às exigências crescentes do exercício ao longo do tempo como seus pares com Tregs intactas e não auferiram os benefícios metabólicos sistêmicos do exercício, confirmando um papel crítico das Tregs para esse efeito.

Por fim, a ausência de Tregs resultou em excesso de interferon que atuou nas fibras para causar disfunção mitocondrial. Por outro lado, o bloqueio do interferon nesses animais reverteu as alterações metabólicas e melhorou a capacidade aeróbica dos animais sem Tregs.

Segundo os autores, o trabalho fornece um vislumbre da interação entre exercício e sistema imune, sustentando que a atividade física pode ser uma forma natural de estimular uma resposta imune que controle a inflamação sistêmica.

Quer saber mais?

Fonte: https://www.science.org/doi/10.1126/sciimmunol.adi5377

Total
0
Shares

Deixe uma resposta

Postagens relacionadas
%d blogueiros gostam disto: