Imunoglobulina A atua como modulador da exposição a micróbios para controle da imunidade

Por Docmedia

11 agosto 2023

A imunoglobulina A (IgA) é uma proteína com função de anticorpo que auxilia nas defesas do organismo. As maiores concentrações de IgA no corpo estão no trato respiratório e no trato digestivo, pontos de contato com o meio externo.

A deficiência de IgA é a imunodeficiência primária mais comum no mundo, mas sua diversidade de apresentação ainda é intrigante. Enquanto alguns indivíduos apresentam doença sintomática, outros portadores de deficiência de IgA são assintomáticos. Visando esclarecer esse mistério, pesquisadores da Children’s Hospital of Philadelphia conduziram um estudo em pacientes humanos e modelo animal.

A publicação na Science Immunology revelou que a IgA atua como um regulador que controla a quantidade de micróbios que o corpo é exposto diariamente, restringindo a resposta imune sistêmica a esses micróbios comensais e limitando o desenvolvimento de desregulação imune sistêmica.

Os pesquisadores examinaram amostras de pacientes com deficiência de IgA e realizaram estudos em camundongos com a mesma deficiência. Ao analisarem sangue e fezes, eles mediram os níveis de anticorpos e identificaram os alvos microbianos dos anticorpos IgA, IgM e IgG.

Descobriram que a IgA tem um papel distinto da IgM na restrição dos micróbios comensais no intestino, e a ausência de IgA intestinal é apenas modestamente compensada pela presença de IgM. Além disso, observaram que pacientes com deficiência de IgA fecal normal eram menos propensos a desenvolver desregulação imunológica e doença clínica.

Para validar suas descobertas, os pesquisadores utilizaram camundongos knockout sem IgA. Esses camundongos apresentaram citocinas elevadas e desregulação imunológica, micróbios vivos foram encontrados no tecido adiposo dos animais.

Segundo os autores, esses resultados são suficientes para sustentar sua proposição de que a IgA desempenha um papel crucial na modulação da exposição microbiana sistêmica, agindo como um modulador para manter o sistema imunológico equilibrado. A ausência de IgA permite que as bactérias comensais passem, aumentando a exposição do paciente a esses micróbios e criando um ambiente mais inflamatório.

Estudos futuros devem investigar os níveis de IgA em outros tecidos-alvo e sua relação com o curso e os resultados de diferentes doenças.

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Fonte: https://www.science.org/doi/10.1126/sciimmunol.ade2335

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