Pesquisa identifica fármaco que pode aprimorar recuperação funcional após AVC

Por Docmedia

14 setembro 2023

Após a ocorrência de um acidente vascular cerebral (AVC) isquêmico, que responde pela maioria dos casos, o principal objetivo é a recuperação do fluxo sanguíneo no trajeto do vaso afetado. Caso haja sucesso, o restabelecimento da circulação limita o dano celular, mas não promove recuperação funcional em um tecido no qual essa capacidade é conhecidamente limitada.

Agora, um grupo de pesquisadores da Universidade Estadual de Ohio afirma que o tratamento com um fármaco habitualmente utilizado como anticonvulsivante ou para controle da dor neural promove uma recuperação funcional significativa. A publicação em Brain conta que em 2019 o grupo já havia descoberto que a gabapentina ajudou a recuperar o movimento das patas anteriores em camundongos que sofreram lesão na medula espinhal.

No estudo atual, camundongos serviram como modelo animal de AVC isquêmico. Parte desses animais foi tratado com gabapentina em dose diária por 6 semanas enquanto os demais serviram como controles. Após algumas semanas, os pesquisadores verificaram que os animais tratados, ao contrário dos controles, recuperaram a função motora fina nas patas anteriores.

A análise dos espécimes mostrou que a porção contralateral (não afetada) passou a emitir longos axônios que tornaram a ativar a musculatura perdida com a morte neuronal na porção cerebral afetada. Investigando esse fenômeno de plasticidade neural, a equipe descobriu que os animais não tratados apresentaram altas concentrações da proteína receptora neural alpha2delta2, diferentemente, os animais tratados com gabapentina tinham baixas concentrações de alpha2delta2.

Com esses dados, os pesquisadores concluíram que alpha2delta2, que normalmente contribui para o desenvolvimento do sistema neural, aumenta em resposta à lesão isquêmica e inibe a recuperação das células neuronais. Nesse contexto, a gabapentina inibe alpha2delta2 e libera o processo de regeneração-plasticidade para progredir.

Os autores descobriram que a droga atua em células não neurais que passam a modular melhor a comunicação sináptica e que o processo de plasticidade continua por semanas após a interrupção do tratamento, o que credencia a gabapentina como opção promissora no AVC isquêmico.

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Fonte: https://academic.oup.com/brain/advance-article-abstract/doi/10.1093/brain/awac103/6589844?redirectedFrom=fulltext&login=false

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