O declínio cognitivo relacionado à idade se relaciona de forma direta com a ocorrência de quadros demenciais e perda da independência na idade avançada. Especificamente certos grupos humanos portadores de fatores de risco genéticos para doenças neurodegenerativas, como o APOE4, são mais suscetíveis ao problema. Nesse contexto, o encontro de fatores de risco modificáveis para um grupo de condições sem cura disponível é desejável para todos, em especial aqueles em maior risco genético.
A novidade é que um estudo de pesquisadores da Universidade do Texas em San Antonio encontrou significativos benefícios cerebrais advindos do consumo de ácidos graxos ômega 3 (O3) por pessoas de meia idade. A publicação no periódico Neurology relata que o estudo incluiu 2.183 participantes com média de idade de 46 anos e sem histórico de AVC ou demência pertencentes às coortes Terceira Geração e Omni 2 do Framingham Heart Study.
As concentrações de ácido docosahexaenóico (DHA) e ácido eicosapentaenóico (EPA) foram medidas a partir de hemácias usando cromatografia gasosa, e o índice O3 foi calculado como EPA+DHA. Além disso, modelos de regressão linear foram utilizados para relacionar as concentrações de O3 nos eritrócitos com marcadores do status de saúde cerebral mensurados por ressonância magnética nuclear, tais como volume cerebral, volume total da massa cinzenta, volume do hipocampo (cognição e memória) e volumes/intensidade da substância branca.
O mesmo tipo de relação foi feito com resultados de testes de cognição (memória episódica, velocidade de processamento, função executiva, e raciocínio abstrato). Digno de nota que parte dos participantes com todos os parâmetros disponíveis era portadora do gene APOE4. No grupo, foi possível estabelecer três padrões de consumo de O3 (baixo, médio e alto), tendo sido constatados benefícios progressivos em associação direta com o status de consumo de O3.
Volumes hipocampais maiores em não portadores de APOE4 foram relacionados a níveis mais altos de O3, assim como maiores concentrações de EPA foram associadas a melhor raciocínio abstrato em portadores de APOE4.
Finalmente, níveis mais altos de todos os preditores de O3 foram relacionados à menor carga de hiperintensidade da substância branca, mas apenas em portadores de APOE4.
Quer saber mais?
Fonte: https://n.neurology.org/content/early/2022/10/05/WNL.0000000000201296
