Pesquisa desenvolve potencial tratamento oral para doença inflamatória intestinal

Por Docmedia

19 setembro 2023

O termo doença inflamatória intestinal (DII) engloba um espectro de doença autoimune que inclui a doença de Crohn e a colite ulcerativa. Esses pacientes sofrem com inflamação intestinal crônica, dor abdominal, diarreia, perda de peso e sangramento retal. Atualmente, a maioria dos tratamentos disponíveis, como os corticoides, visa inibir a reação exagerada do sistema imunológico. Além dos possíveis efeitos colaterais da supressão imune, cerca de 40% dos pacientes permanecem com sintomatologia debilitante apesar do tratamento.

A novidade é que pesquisadores da Universidade Johns Hopkins anunciaram o desenvolvimento do que pode ser um novo patamar no tratamento da DII. A publicação na revista Science Translational Medicine conta que o anúncio de agora é fruto da evolução de um trabalho do mesmo grupo no ano de 2016 no qual foi identificada uma atividade enzimática anormal em pacientes com a doença.

Segundo os autores, naquela época foi descoberto que a enzima glutamato carboxipeptidase II intestinal (CGPII) é hiperativada nos portadores de DII, com aumentos de atividade de até 4.100%. Experimentos posteriores em modelos murinos de DII também mostraram que o bloqueio da CGPII revertia os sintomas da doença, o que levou a equipe à tarefa de desenvolver um fármaco inibidor de CGPII. E é este fármaco, o (S)-IBD3540 que os pesquisadores agora testaram em modelos murinos de DII e em organoides intestinais produzidos a partir das células de pacientes portadores da doença.

Os autores ressaltam que o (S)-IBD3540 pode ser administrado por via oral e tem ação restrita ao tecido intestinal, reduzindo significativamente a possibilidade de toxicidade sistêmica. Dados do estudo atual mostram que o tratamento com (S)-IBD3540 resultou em redução de até 75% da atividade da enzima CGPII no cólon dos camundongos com colite.

Clinicamente, isso se traduziu em melhora na consistência das fezes, redução dos episódios de sangramento retal e diminuição da inflamação no cólon e, tudo isso, sem a ocorrência de efeitos adversos evidentes. Além disso, (S)-IBD3540 também mostrou resultados protetores quando testada em um modelo de lesão organoide de cólon humano.

Segundo os autores, o trabalho é a primeira demonstração de eficácia de um inibidor CGPII oral. No momento, embora a equipe ainda tente descobrir por qual motivo ocorre a hiperativação de CGPII no intestino com DII, os resultados encorajadores animam os pesquisadores a empreenderem esforços para moverem (S)-IBD3540 para ensaios clínicos.

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Fonte: https://www.science.org/doi/10.1126/scitranslmed.abn7491

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