Droga controla inflamação intestinal atuando em via relacionada aos ácidos biliares

Por Docmedia

24 março 2023

A doença inflamatória intestinal (DII) compreende apresentações como a doença de Crohn e a colite ulcerativa, quadros que compartilham atividade exacerbada de células imunes e excesso de citocinas pró-inflamatórias na parede intestinal. O tratamento atual visa inibir sistemicamente a hiperativação do sistema imune ou citocinas individuais, mas não é isento de consideráveis efeitos colaterais.

Agora, pesquisadores do Instituto Salk, nos Estados Unidos, anunciaram o desenvolvimento de um novo fármaco que promete boa eficácia e menos efeitos colaterais. Publicação recente do grupo em Proceedings of National Academy of Sciences conta que há um longo trabalho da equipe sobre o receptor Farnesoid X (FRX), uma proteína reguladora relacionada ao processo de digestão alimentar. A FRX detecta a secreção de ácidos biliares em resposta ao início da alimentação e aciona vias integrantes da digestão, do controle glicêmico e do metabolismo lipídico.

A equipe desenvolveu o fármaco fexaramine em 2015 visando aumentar a atividade FRX, o que demonstrou ser útil no controle do peso e da glicemia em camundongos. Em 2019, uma nova versão do medicamento, FexD, impediu alterações relacionadas ao câncer em células intestinais. Todos esses dados indicavam que a ação de FRX também teria um papel de modulação da inflamação, um processo desencadeado em pequena escala a cada contato da mucosa intestinal com o alimento.

Curiosamente, os portadores de DII costumam apresentar aumento dos ácidos biliares e redução da sinalização FRX. Deste modo, o estudo atual visou exatamente avaliar a ação de FexD sobre FRX no tocante à inflamação. Para isso, modelos murinos de DII induzida foram tratados com FexD. O que se viu é que a ativação de FRX por FexD reduziu a infiltração de uma classe de células imunes altamente inflamatórias chamadas células linfóides inatas (ILCs) e os níveis de citocinas pró-inflamatórias no intestino, principalmente interleucina 17 (IL-17). Clinicamente, isso resultou na melhora dos sinais de DII nos animais.

Segundo os autores, que trabalham para otimizar o FexD para uso humano, outra vantagem do medicamento é o não desligamento do sistema imune, que apenas é “resetado” para seus níveis basais de atividade.

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Fonte: https://www.pnas.org/doi/10.1073/pnas.2213041119

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