O conhecimento tradicional recomenda que se tenha uma boa alimentação para resistir melhor à gripe. Efetivamente, alguns estudos mostraram que a densidade calórica e a concentração de macronutrientes da dieta após a infecção viral influencia a gravidade do quadro.
Agora, pesquisadores da Universidade de Sydney em parceria com colegas da Universidade de Shenzhen descobriram que a qualidade da dieta também impacta de forma significativa a recuperação. A descoberta foi relatada em Cell Reports, trazendo os dados de um estudo em camundongos.
O grupo de animais foi dividido para ser alimentado com diferentes dietas usadas amplamente como ração de animais de laboratório e contendo a mesma densidade calórica. Contudo, enquanto a primeira dieta (AIN93G) é altamente processada, a segunda dieta é composta por grãos.
Na sequência, todos os animais foram desafiados com infecção pelo vírus influenza, permaneceram na mesma dieta e tiveram diferentes parâmetros de sua evolução documentados. Estudos anteriores também haviam mostrado não haver diferenças na saúde ou comportamento dos animais com qualquer das duas dietas em situações sem a infecção.
Quando isso ocorreu, os animais que receberam dieta processada mostraram núcleos corporais mais frios à termometria que os que receberam dieta de grãos. Além disso, enquanto os camundongos da dieta baseada em grãos começaram a recuperar peso após 10 dias da infecção inicial, o grupo da dieta processada ingeriu menor quantidade de alimento (menos nutrientes) e teve mais dificuldade em recuperar o peso corporal. Ainda mais curioso, enquanto todos os animais do grupo da dieta baseada em grãos sobreviveram, a infecção provocou a morte de todos os animais que receberam a dieta altamente processada.
Segundo os autores, a diferença gritante na recuperação entre os grupos não se deu por diferenças na resposta imune, mas por problemas na recuperação. Por fim, o grupo também encontrou evidências diferenciais entre os grupos sugerindo influência da sinalização do interferon-gama (IFN-y) nos resultados.
Se tais resultados em camundongos puderem ser extrapolados para humanos, podem ser de grande utilidade na prática clínica diária.
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