Novo estudo reforça ligação entre alimentos ultraprocessados e aumento do câncer

Por Docmedia

9 março 2023

São chamados de alimentos ultraprocessados (AUP) aqueles que passam por intensa transformação industrial dos ingredientes originais até o produto final. Esses alimentos recebem diversos aditivos para ajuste de sabor, consistência, coloração e conservação. Esse processo de aprimoramento industrial costuma resultar em alimentos altamente palatáveis, ricos em sal, açúcar e gordura, além de financeiramente acessíveis e convenientes.

Toda facilidade faz com que, em países como o Reino Unido, mais de 50% da ingesta alimentar do cidadão médio seja de alimentos ultraprocessados. Por outro lado, estudos já relacionaram o aumento do consumo desse tipo de alimento com aumento do risco de obesidade e diabetes tipo 2.

Agora, pesquisadores do Imperial College London e colegas da Universidade de São Paulo e da Universidade NOVA de Lisboa concluíram que os AUP também podem estar relacionados ao aumento do risco de câncer. A publicação em eClinicalMedicine relata os resultados do trabalho de processamento de dados de saúde de uma coorte prospectiva com 197.426 adultos britânicos entre 40 e 69 anos.

Os participantes (54,6% mulheres) completaram recordatórios alimentares de 24 horas entre os anos de 2009 e 2012 e depois foram acompanhados até o ano de 2021. Os alimentos consumidos foram categorizados de acordo com seu grau de processamento usando o sistema de classificação de alimentos NOVA. O consumo de AUP pelos indivíduos foi expresso como percentual da ingestão alimentar total (g/dia).

Os desfechos pesquisados foram o risco de desenvolver qualquer tipo de câncer, de desenvolver 34 tipos específicos de câncer e o risco de morte por câncer. Por fim, fatores de confusão como tabagismo, atividade física, índice de massa corporal, consumo de álcool e energia total foram ajustados. Após todo o trabalho, os pesquisadores encontraram que o maior consumo de AUP se relacionou com os desfechos de câncer pesquisados.

Cada aumento de 10% no consumo de AUP se associou com aumento de 2% na incidência de câncer em geral e um aumento de 19% no risco de câncer de ovário especificamente. Também foi visto que cada aumento de 10% no consumo de AUP foi associado ao aumento geral da mortalidade por câncer em 6%, juntamente com um aumento de 16% no risco de morte por câncer de mama e um aumento de 30% no risco de morte por câncer de ovário.

Segundo os autores, apesar de o estudo não ter o poder de determinar causalidade, as associações permaneceram significativas mesmo após os ajustes. Em associação com outras evidências demonstrando benefícios à saúde com a redução de AUP na dieta, o estudo reforça a necessidade de investigar mais profundamente essas associações e estudar estratégias que ajudem a promover políticas de saúde pública visando reduzir a participação desses alimentos na dieta da população.

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Fonte: https://www.thelancet.com/journals/eclinm/article/PIIS2589-5370(23)00017-2/fulltext

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