O uso de canabidiol na dor músculoesquelética associada a doenças reumáticas

Por Docmedia

14 julho 2023

Um ponto comum à maioria das doenças reumatológicas é a ocorrência de quadros álgicos importantes relacionados às articulações. Por outro lado, o componente da planta cannabis sativa canabidiol (CBD) tem sido relacionado a um potencial de aliviar sintomas álgicos em geral e outros sintomas como alterações do sono e do humor.

Finalmente, estudos mostram que muitos portadores de doenças reumatológicas têm experimentado o CBD como estratégia de autogestão, o que devolve aos profissionais envolvidos no cuidado a essas pessoas a necessidade de conhecer o corpo de evidências acumulado sobre esse composto. Nesse contexto, pesquisadores das universidades de Michigan, Técnica de Munique e McGill realizaram uma revisão sobre as evidências do CBD em doenças reumatológicas.

A publicação em Current Rheumatology Reports firma pontos em que ainda não é possível determinar dosagens diferenciadas para as várias abordagens. Atualmente, há dois produtos farmacêuticos contendo CBD que têm indicações específicas para condições neurológicas.

Epidiolex é um produto CBD contendo 100 mg/mL de solução oral e aprovado nos EUA pela Comissão Europeia para a Síndrome de Dravet e a Síndrome de Lennox-Gastaut. Nabiximols (Sativex®), um spray bucal de CBD:THC 1:1, é aprovado em algumas jurisdições para espasticidade e dor associadas à esclerose múltipla. Evidências mostram que os canabinoides são ligantes exógenos que interagem com o sistema endocanabinoide (ECS), um modulador de muitos processos fisiológicos e neuronais envolvidos na resposta imune, incluindo a sensação de dor, variações do humor, memória e motivação.

O CBD pode ativar ou silenciar os receptores canabinoides clássicos (CB1 e CB2), mas também tem efeito sobre os receptores não canabinóides e pode inibir a captação endógena de canabinoides e a ligação do receptor de THC. Toda essa atividade tem como alvo os canais potenciais de receptores transitórios envolvidos na modulação do cálcio intracelular que são relevantes para os efeitos analgésicos.

Evidências pré-clínicas envolvendo diferentes modelos murinos como osteoartrite, dor e inflamação sugerem que o CBD tem efeitos anti-inflamatórios, analgésicos e antioxidantes, todos relevantes para o tratamento reumatológico. Além disso, efeitos similares foram obtidos em modelos caninos e equinos. Finalmente, em pacientes humanos, o CBD alcançou resultados significativos apenas de forma secundária em um estudo randomizado de osteoartrite de joelho.

Outro estudo com CBD em osteoartrite de mão não teve resultado significativo para o placebo em termos de dor, sono e sintomas neuropsiquiátricos. O mesmo ocorreu para dor lombar aguda e fibromialgia em estudos. Já para o controle da ansiedade nessas condições, CBD mostra potencial. A melhora do sono com CBD, ainda carece de evidências sólidas, mesmo após 14 estudos pré-clínicos e 12 estudos clínicos. Por fim, os autores consideram que o CBD sozinho é considerado seguro, embora possa ter várias interações medicamentosas.

Evidências pré-clínicas sugerem efeitos analgésicos, anti-inflamatórios e antioxidantes, mas as evidências clínicas são limitadas para esses sintomas ou para efeitos em doenças reumáticas subjacentes.

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Fonte: https://link.springer.com/article/10.1007/s11926-022-01077-3

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