Novo composto resultante de seleção e engenharia é muito promissor contra dor crônica

Por Docmedia

5 janeiro 2024

O tratamento da dor, em especial de dores crônicas e mais resistentes, é um importante desafio de saúde pública. Aliado à desesperadora situação de crise após a utilização abusiva de analgésicos como os opioides, está um relativo insucesso da ciência em prover melhores e menos perigosas opções para o tratamento desse tipo de dor.

Nesse contexto, é importante o estudo recente de pesquisadores da Universidade de Nova York contando sobre um novo e promissor candidato a analgésico que se mostrou superior à gabapentina em estudos. A publicação em Proceedings of National Academy of Sciences lembra que a gabapentina é um analgésico amplamente utilizado no tratamento da dor crônica e que sua ação se dá por meio da ligação à porção externa do canal de cálcio Cav2.2, reduzindo o influxo de cálcio e a liberação de neurotransmissores GABA e glutamato, o que redunda em menos dor.

Entretanto, a utilização da gabapentina se relaciona com uma série de efeitos colaterais como sedação, alterações na cognição, como memória e aprendizagem, ou alterações na frequência cardíaca e na respiração.

No estudo atual, a equipe relata a identificação da proteína CRMP2 como um regulador chave do canal Cav2.2. Eles então identificaram um aminoácido que se mostrou capaz de desacoplar CRMP2 do canal Cav2.2. Esse peptídeo foi apelidado de domínio 3 de ligação ao canal de cálcio (CBD3) por se ligar à parte interna do canal para desacoplar CRMP2.

Uma vez que peptídeos são difíceis de serem utilizados como medicamentos por sua ação fugaz e vulnerabilidade ao ácido estomacal, os pesquisadores partiram para investigação em uma biblioteca de composto procurando moléculas com estrutura para promover a mesma ação de CBD3. Partindo de um conjunto de 27 milhões de compostos, os pesquisadores chegaram CBD3063, que mostrou fazer o mesmo tipo de ligação que o CBD3 e promover forte inibição do influxo de cálcio no canal Cav2.2, também desacoplando CRMP2.

Testado em diferentes modelos murinos de dor crônica, incluindo neuropatia induzida por quimioterapia, dor inflamatória e dor no nervo trigêmeo. O candidato a medicamento foi tão eficaz quanto a gabapentina no alívio das dores em animais machos e fêmeas de todos os modelos, porém sem efeitos colaterais detectáveis.

Segundo os autores que trabalham para refinar o CBD3063 e levá-lo a ensaios clínicos, o provável motivo do sucesso é a atuação da molécula na porção interna do receptor.

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Fonte: https://www.eurekalert.org/news-releases/1007428

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