Mecanismos de ação sugerem perfil promissor do canabidiol como analgésico

Por Docmedia

20 setembro 2022

A dor é um mecanismo de defesa essencial do organismo, alerta sobre lesões agudas e orientando que o corpo se afaste do agente agressor. Entretanto, se esse mecanismo se torna contínuo, acima de 3 a 6 meses, a dor ganha características de doença que pode trazer sério comprometimento à qualidade de vida do indivíduo.

A falta de uma ampla gama de analgésicos eficazes e não viciantes disponíveis, é possível entender em parte como se chegou à atual crise dos opioides causadora de dezenas de milhares de mortes por ano nos EUA. Nesse contexto, uma nova esperança é o esforço conjunto de pesquisadores da Harvard Medical School e do Boston Children’s Hospital que descobriu um perfil promissor do derivado de cannabis canabidiol (CBD) para funcionar como analgésico.

A publicação em eLife conta que os primórdios do estudo decorrem da liberação da cannabis em vários Estados nos EUA, o que resultou em grande quantidade de relatos de usuários da CBD sobre a melhora de dores crônicas após seu uso. Embora tais relatos não possuam força de evidência, estimularam a curiosidade da equipe em investigar. Basicamente, o estudo utilizou culturas de células e modelos animais de forma a identificar a ação do CBD no organismo.

Em experimentos independentes, os pesquisadores fizeram curiosas descobertas sobre a ação do CBD. Primeiramente, que a droga inibe dois tipos de canais iônicos de sódio localizados em células neuronais que atuam como nociceptores de dor e cuja inibição impede a propagação do estímulo doloroso. Em segundo lugar, parte da equipe avaliou a interação de diversos compostos químicos com um canal de potássio presente nos nociceptores (Kv7.2 – Kv7.3).

Foi visto que a ação do CBD é de ativação do canal iônico, permitindo o influxo de potássio nas células. Segundo os autores, a atuação complementar em dois mecanismos sobre os nociceptores de dor comprova um perfil promissor do CBD como analgésico.

Entretanto, sua natureza como derivado de planta traz preocupações como padronização das amostras e dose eficaz. Deste modo, a intenção é partir da molécula de CBD e introduzir modificações que potencializem suas qualidades e amenizem suas imperfeições.

O trabalho faz sentido, uma vez que o CBD já se mostrou seguro para uso humano, acelerando todo o processo.

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Fonte: https://elifesciences.org/articles/73246

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