O músculo esquelético é o maior órgão do corpo e desempenha um papel extremamente importante no apoio a movimentação corporal, na produção de calor por meio da termogênese e na regulação metabólica através da utilização da glicose.
No entanto, sua função é prejudicada pelo envelhecimento, pelo sedentarismo e por doenças musculares, fazendo com que apresente resistência ou força reduzida. Mesmo com toda essa importância, é consenso que o músculo esquelético permanece como um dos segmentos corporais mais subtratados com medicamentos.
Nesse contexto, é importante o anúncio de pesquisadores da Academia Chinesa de Ciências de que desvendaram as ações de um composto derivado de plantas capaz de melhorar a função muscular e prevenir a atrofia do órgão. A publicação do grupo na revista Cell Reports conta que o foco do trabalho foi a molécula naringenina (NAR), um diidroflavanoide natural derivado da planta Lycium barbarum, conhecida como Goji Berry.
No estudo, os pesquisadores utilizaram modelos murinos que incluíram camundongos selvagens jovens com 2 meses de idade, camundongos de meia idade equivalente a 10 meses e um conjunto de camundongos mdx, que são um modelo de estudo da distrofia muscular Duchenne. Nos experimentos, a alimentação dos animais com NAR mostrou aos pesquisadores que o composto melhorou a resistência muscular, aumentando o conteúdo de miofibras oxidativas e o metabolismo aeróbico.
Durante o período crítico em que a função muscular de camundongos de meia-idade começa a diminuir, o NAR pode aumentar simultaneamente a massa muscular esquelética e a resistência. Nos camundongos modelo de doença muscular mdx, o NAR aliviou significativamente o dano muscular tanto morfologicamente quanto funcionalmente, sugerindo seu papel crucial no alívio da atrofia muscular relacionada à idade ou associada a doenças.
Em uma segunda parte do estudo, os pesquisadores investigaram como o NAR promove esses benefícios na fibra muscular. Utilizando ensaios de afinidade usando NAR marcada com biotina (NAR-biotina), identificação por espectrometria de massa e análise de design de drogas, os pesquisadores descobriram que o local GLN-110 do fator de transcrição Sp1 pode interagir com NAR por meio de ligação de hidrogênio, e Sp1-AAV e o inibidor de Sp1 Mit-A poderia bloquear o efeito de aumento de resistência do NAR em camundongos.
Também foi visto que o NAR pode regular positivamente a expressão do fator de transcrição Esrrg nos três modelos animais e células acima, e a inibição do Esrrg pode bloquear o efeito do NAR no conteúdo oxidativo de miofibras. Por fim, foi demonstrado que o NAR eleva o nível de fosforilação de Sp1, aumenta sua ligação à sequência do promotor Esrrg e regula assim positivamente a expressão de Esrrg para reforçar a função muscular.
Segundo os autores, seus resultados sustentam que o NAR possui uma nova função na melhoria da qualidade e resistência do músculo esquelético, podendo inclusive prevenir e aliviar a degradação muscular relacionada às distrofias.
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