Exercícios respiratórios podem ser eficazes na prevenção da doença de Alzheimer

Por Docmedia

16 junho 2023

Apesar de décadas de estudo e pesquisa, ainda estamos longe de termos na prateleira um tratamento para a doença de Alzheimer. Na falta deste, uma outra linha de interesse é compreender os mecanismos que influenciam a deposição de proteína beta-amiloide no cérebro e identificar medidas capazes de reduzir o fenômeno.

Nesse contexto, a novidade é que pesquisadores da University of Southern Califórnia descobriram que a realização de exercícios respiratórios relativamente simples reduz os níveis sanguíneos de beta-amiloide. A publicação na revista Scientific Reports conta que o foco do trabalho foi em cima da ativação do sistema nervoso parassimpático.

Segundo os autores, isso ocorre porque a maneira como se respira afeta a frequência cardíaca, que por sua vez afeta o sistema nervoso e a maneira como o cérebro produz proteínas e as elimina. Durante o período de vigília, normalmente está ativado o sistema nervoso simpático, ou de luta e fuga. Enquanto o sistema nervoso simpático é ativado, não há muita variação no tempo entre cada batimento cardíaco. Em contraste, quando o sistema parassimpático é ativado, as frequências cardíacas aumentam durante a inspiração e diminuem durante a expiração.

Curiosamente, o processo de envelhecimento faz com que se perca até 80% da capacidade de transitar entre os sistemas simpático e parassimpático aos 60 anos, reduzindo dramaticamente também a variabilidade da frequência cardíaca. Um ponto importante é que os sistemas simpático e parassimpático sabidamente influenciam a produção e eliminação de proteínas relacionadas à doença de Alzheimer.

No estudo atual, os pesquisadores queriam investigar se é possível induzir por meio de exercícios respiratórios de biofeedback um maior acesso ao sistema nervoso parassimpático (ativação vagal). Foram recrutados 108 participantes, sendo metade composta por jovens (de 18 a 30 anos) e a outra metade por idosos (de 55 a 80 anos). A todos os participantes foi solicitado que fizessem exercícios de biofeedback duas vezes ao dia, por 20 minutos de cada vez.

Todos os participantes colocaram um monitor cardíaco no ouvido; esse monitor estava conectado a um laptop fornecido pelos pesquisadores. Enquanto um grupo foi orientado a se manter calmo e focar em estabilidade da frequência cardíaca, o segundo grupo foi orientado aos exercícios de biofeedback visando ativação do sistema nervoso parassimpático. Além disso, os participantes cederam amostras de sangue em diferentes momentos para a dosagem sanguínea de proteína beta-amiloide frações 40 e 42, que predizem um maior risco de desenvolver Alzheimer.

Ao final do estudo, foi identificada redução dos níveis plasmáticos de beta-amiloide no grupo instruído a aumentar a variabilidade da frequência cardíaca. Por fim, o novo foco da equipe é descobrir os mecanismos por trás do fenômeno, ou seja, se o aumento da variabilidade de frequência cardíaca atua reduzindo a produção de beta-amiloide ou aumentando a sua depuração cerebral.

De todo modo, é a primeira demonstração de que uma intervenção comportamental pode atuar na redução dos níveis plasmáticos de beta-amiloide.

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Fonte: https://www.nature.com/articles/s41598-023-30167-0

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