Microbioma intestinal no centro da gênese de dor visceral na síndrome do intestino irritável

Por Docmedia

18 julho 2023

A síndrome do intestino irritável (SII) é um distúrbio do trato intestinal que cursa com dor abdominal, distensão e alterações variáveis do trânsito intestinal de caráter recorrente. Com a causa para o distúrbio ainda não identificada, acredita-se na multiplicidade de fatores, há correlação entre os sintomas e a ingestão de certos alimentos como os carboidratos fermentáveis. Também é sabido que portadores de SII têm mais mastócitos no intestino e referem melhora com tratamentos direcionados a essas células ou à histamina por elas produzida.

A novidade é que um estudo de pesquisadores da Universidade McMaster e da Queen’s University descreveu o mecanismo envolvendo a histamina e identificou um agente crítico no seu ciclo de produção e geração de sintomas da SII. O artigo do grupo foi publicado em Science Translational Medicine uma série de experimentos em modelos murinos livres de vermes.

Esses animais tiveram seus intestinos colonizados com microbiota oriunda de pacientes portadores de SII com histamina urinária alta ou indivíduos sem a doença. A estratégia identificou a bactéria Klebsiella aerogenes portadora do gene da histidina descarboxilase, comum em boa parte dos portadores de SII, como o principal produtor de histamina nesses camundongos. Tal descoberta vai de encontro a achados em humanos evidenciando histamina urinária mais alta em portadores de SII que apresentam dor abdominal.

No estudo, foi descoberto que K. aerogenes converte o aminoácido histidina da dieta em histamina, um conhecido mediador de dor visceral. Por sua vez, a histamina bacteriana ativa o sistema imune por meio do receptor de histamina 4 (H4), atraindo mastócitos para o intestino e realimentando o ciclo de produção de histamina e outros sinalizadores para dor e inflamação.

Outro achado foi que a intervenção dietética retirando carboidratos fermentáveis da dieta resulta na redução da histamina bacteriana ao acidificar o meio e inibir a enzima bacteriana. Tal achado explica a melhora dos sintomas em humanos com dieta semelhante.

Por fim, os autores consideram que seus resultados credenciam o bloqueio dos receptores H4 como estratégia na SII, beneficiando boa parte dos pacientes que possuem K. aerogenes na microbiota.

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Fonte: https://www.science.org/doi/10.1126/scitranslmed.abj1895

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