Vacina mostra resultados inéditos contra o glioblastoma em estudo de fase 3

Por Docmedia

18 janeiro 2023

O glioblastoma multiforme (GBM) é o mais comum e agressivo dos tumores cerebrais em adultos. Além da localização no sistema nervoso central a dificultar iniciativas de tratamento, a doença recorre na grande maioria dos casos e é a recorrência a principal causa de morte.

A novidade é que um estudo de fase 3 liderado por pesquisadores do King’s College London acaba de mostrar resultados inéditos de melhora na sobrevida com uma nova vacina. A publicação na JAMA Oncology trouxe os resultados do ensaio duplo cego, randomizado e controlado por placebo que incluiu um total de 331 pacientes com GBM recém diagnosticado.

Todos os participantes receberam o tratamento padrão com cirurgia, radioterapia e quimioterapia (temozolomida). Posteriormente, dois terços (232) dos participantes foram randomizados para receberem novo curso de quimioterapia juntamente com a vacina DCVax-L, enquanto o grupo controle recebeu placebo e quimioterapia. A vacina DCVax-L é um tratamento personalizado e foi sintetizada a partir de células de cada um dos participantes tratados. Inicialmente, são coletadas células imunes do tipo dendríticas e amostras do tumor.

As células tumorais são vasculhadas em busca de determinados biomarcadores tumorais personalíssimos que são incorporados às células dendríticas. Por fim, as células dendríticas agora sensibilizadas para o tumor do paciente são injetadas de volta no corpo na esperança que sensibilizem as demais células do sistema imune para que combatam o GBM. Além disso, todos os participantes em que o tumor recorreu receberam automaticamente a vacina, o que permitiu estudar seus efeitos também nessas circunstâncias.

Junto ao grupo controle, uma coorte externa com 2006 pacientes GBM também foi utilizada para avaliar a sobrevida. Durante os 8 anos do estudo, os participantes tratados com DCVax-L sobreviveram 19,3 meses em média desde a randomização (22,4 meses após a cirurgia), em comparação com 16,5 meses para o grupo controle. No GBM recorrente, a sobrevida quase dobrou, passando de 7,8 meses (controle externo) para 13,2 meses (DCVax-L). A vacina também resultou na sobrevivência de 13% dos participantes por 5 anos contra 5,7% no grupo controle.

Segundo os autores, é a primeira vez em 17 anos que resultados tão robustos são alcançados em um estudo de fase 3 e a primeira vez em 27 anos que uma terapia mostra prolongar a sobrevida no GBM recorrente. Um participante do estudo com 53 anos na época do diagnóstico encontra-se até o momento, 8 anos depois, em remissão da doença, o que significa uma real esperança para outros pacientes.

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Fonte: https://jamanetwork.com/journals/jamaoncology/fullarticle/2798847

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